Sindicatos rejeitam privatização «encerrada»

EGF deve ser pública

O STAL e a Fiequimetal contestaram com veemência as declarações do ministro do Ambiente, considerando a privatização da EGF «um assunto praticamente encerrado».

As organizações da CGTP-IN persistem na exigência de reversão deste negócio ruinoso

No dia 16, quarta-feira, o ministro Matos Fernandes disse ainda, numa entrevista ao jornal Público, que «não encontramos nenhuma ilegalidade no processo». Para o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas Concessionárias e Afins (STAL) confirma-se assim «a fraca vontade do Governo de reverter este negócio ruinoso» para o País e para o ambiente.

Numa nota que publicou nesse mesmo dia, o sindicato lembrou que a Empresa Geral do Fomento (EGF) «foi vendida a preço de saldo à Mota-Engil, numa privatização que constituiu um verdadeiro roubo aos municípios». Trata-se de «um negócio escandaloso que criou um monopólio privado no sector dos resíduos sem paralelo na Europa, com gravíssimas consequências para trabalhadores e populações, e perigos para a saúde pública e o meio ambiente».

«Todo este processo continua a ser implementado à margem dos trabalhadores e das suas estruturas representativas, violando de forma ostensiva a lei de negociação colectiva, ignorando os problemas existentes no sector, desprezando os interesses das populações e facilitando, também por esta via, o negócio privado e o seu objectivo de obtenção de lucros obscenos», pelo que o STAL considera «muito negativo e preocupante que o ministro nada tenha dito que sugira uma alteração neste comportamento».

Há quase um mês, a Fiequimetal (Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas) pediu uma reunião com o ministro «para saber como vai ser concretizada a reversão da privatização da EGF, que consta no Programa do Governo». A federação, de que fazem parte os sindicatos das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente (SITE), declarou que não aceita como resposta a afirmação feita dia 16 na entrevista.

«Quando o ministro nos receber, poderemos demonstrar-lhe como a privatização está recheada de ilegalidades» e, «tal como outras organizações de trabalhadores e vários municípios (que mantêm acções em tribunal), estamos em condições de lhe apresentar os factos e argumentos que levaram a que toda a oposição parlamentar (incluindo o partido que agora está no Governo) reprovasse a decisão do governo PSD/CDS-PP», afirma-se num comunicado que a Fiequimetal divulgou esta segunda-feira, a propósito do Dia Mundial da Árvore.

A federação tenciona ainda «explicar ao ministro os motivos por que os trabalhadores deste sector não dão por encerrada a luta contra a privatização», recordando planos da SUMA (Mota-Engil) para reduzir postos de trabalho e alertando para «ameaças de imposição da mobilidade geográfica e de outras alterações das relações laborais, que significariam uma grave degradação destas, com o aumento da precariedade e da subcontratação e o incumprimento da contratação colectiva».

Para o STAL, a decisão do Governo de manter a privatização da EGF «levará, mais cedo que tarde, a piores serviços e mais caros, ao agravamento da exploração laboral e à destruição de postos de trabalho».

Na petição «Em defesa dos serviços públicos de água, saneamento e resíduos», alerta-se para o facto de a rentabilidade do grupo privado ficar assegurada pela entidade reguladora (ERSAR), a quem cabe definir as tarifas, à revelia das autarquias e visando a «recuperação total dos custos». A Fiequimetal previne que «isto, a concretizar-se, levaria a um aumento generalizado dos preços exigidos aos municípios, com fortes repercussões na vida de milhões de pessoas».

As duas organizações da CGTP-IN reafirmaram o apelo a que os trabalhadores e a população tomem posição pela EGF pública, em particular por via da subscrição daquela petição, dirigida à Assembleia da República e na qual se exige medidas para a reversão da privatização. Tal é «condição essencial para garantir uma política de resíduos norteada por razões ambientais, pela defesa do interesse público e não pelo lucro», realça-se na petição.

 



Mais artigos de: Trabalhadores

Alerta no handling

Esta tarde, no Aeroporto de Faro, o Sitava leva a cabo uma iniciativa de denúncia pública da «fraude» que a Ryanair ensaiou em Ponta Delgada e quer estender ao Continente, já a partir de dia 28.

Por acordos nos transportes

Nas empresas públicas e privadas de transportes e comunicações a federação e os sindicatos da CGTP-IN mobilizam os trabalhadores para obter das administrações respostas positivas às suas justas exigências.

Coragem frente à Ancave

Trabalhadores de empresas de abate de aves concentraram-se no dia 17, quinta-feira, frente à sede da associação patronal do sector, em Lisboa, para protestarem contra a retirada de direitos e exigirem a actualização dos salários, congelados há...

Printer parou

A greve de dia 17, na Printer Portuguesa (Rio de Mouro, Sintra) teve uma forte adesão do pessoal operário, o que obrigou à paragem da produção, segundo o sindicato do sector, citado numa informação divulgada pela União dos Sindicatos de...

Greve na Jado Ibéria

Os trabalhadores da Jado Ibéria Produtos Metalúrgicos, com sede em Braga, vão estar hoje, 24, em greve por aumentos salariais dignos. Esta luta – que se iniciou no dia 10 de Março com uma série de acções – contará com a presença, às 11.15...

Operação em marcha na ADSE

A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública denunciou na semana passada uma «operação que está a ser levada a cabo» para transformar o modelo da Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE). O alerta decorre de um despacho do...