Os lucros da Galp falam
Os 639 milhões de euros que o Grupo Galp Energia registou em 2015 e que representam um acréscimo de mais de 70 por cento, relativamente aos resultados do ano anterior, «deitam por terra algumas verdades absolutas assumidas pela administração», comentou a Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal.
Em primeiro lugar, a CCT observa que eles não foram determinados pelo «virtuosismo da gestão privada», antes «surgiram contra a opção estratégica assumida pela Administração há alguns anos». No comunicado de dia 15, a CCT regista «uma notória incomodidade da administração com os resultados, não só por eles não espelharem a sua visão estratégica mas essencialmente por evidenciarem a importância do aparelho refinador nacional, com ambas as refinarias a destacarem-se na produção de riqueza».
Nos números prova-se que os resultados são fruto do esforço e empenho dos trabalhadores, o que é mais evidente na «margem de refinação» da Galp Energia, que terminou o ano quase um dólar acima da margem comparada do sector (benchmark).
Se no passado foi realçado que a principal fatia dos resultados provinha do estrangeiro (exploração e produção), em 2015 mais de metade dos lucros tiveram origem na componente nacional.
Ficando claro que «a instabilidade no sector petrolífero é ditada em maior grau por factores de geopolítica internacional e nada tem a ver com o mercado “livre”», ganha mais força a necessidade de ver a empresa e o grupo como estratégicos para o desenvolvimento económico e a soberania nacional.
Tal volume de lucros «soterra todo o argumentário apresentado pela administração para tentar justificar a guerra total aos direitos dos trabalhadores».
A privatização, neste caso, tem como «primeira e única consequência» que os dividendos não revertem para o erário público e serão mesmo canalizados para o estrangeiro.