Pelos direitos e o serviço público
Os trabalhadores da CP Carga, privatizada no início do ano, realizam hoje um cordão humano junto à sede da empresa, em defesa de um «caminho-de-ferro público e unificado» e dos direitos inscritos no AE.
Num comunicado emitido na segunda-feira, 25, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF/CGTP-IN) informa que depois do cordão humano, que tem início marcado para as 10h30, o protesto segue para o Tribunal de Contas e para o Ministério do Planeamento e Infraestruturas: do primeiro será exigido que se pronuncie sobre o «negócio em que a CP entrega ao privado 116 milhões de euros, para receber dois milhões pela venda da empresa»; ao segundo será levado o protesto contra a decisão de alienar este «importante sector do caminho-de-ferro público». Para o SNTSF, esta decisão defraudou «as expectativas dos trabalhadores e o sentido do seu voto nas últimas eleições».
A acção, informa o SNTSF, conta com a participação do movimento sindical e das comissões de trabalhadores e é aberto «a todos aqueles, trabalhadores da empresa e de outros sectores de actividade, que se identifiquem com a nossa razão em defesa de um caminho-de-ferro público e unificado debaixo de um mesmo comando, que faça a gestão e interligação de todos os seus diversos sectores de actividade».
Para hoje chegou a estar também marcada uma greve dos trabalhadores da CP Carga, que seria, entretanto, suspensa. O sindicato justifica a suspensão (da greve, não da luta!) com a alteração verificada nos pressupostos que levaram à sua convocação: a paralisação, lembra, foi marcada como «derradeira pressão sobre a tutela» para que esta não cedesse aos interesses de quem «quer o caminho-de-ferro destruído». A consumação da venda da CP Carga, da responsabilidade exclusiva do Governo, e o facto de o conflito laboral não ser, ainda, com o actual patrão, levou o SNTSF a suspender a greve.
Consciente da nova realidade existente na empresa, onde os trabalhadores «passaram a ter um patrão que tem como objectivo rentabilizar os seus lucros», o sindicato informa que solicitou uma reunião aos novos donos da CP Carga para discutir questões relacionadas com as relações laborais, a contratação colectiva e a valorização das condições salariais e de trabalho. O SNTSF faz ainda questão de lembrar que, na empresa, as relações laborais são determinadas pelo Acordo de Empresa da CP e que os trabalhadores têm direito, a partir de 1 de Janeiro, aos seus salários nos termos contratuais, sem cortes.
Aumentos na CP!
No dia 23, o SNTSF emitira já um outro comunicado, no qual se exige a retomada imediata das negociações visando desde logo o aumento dos salários, previsto no Acordo de Empresa. Para o sindicato, «faz todo o sentido que a negociação comece por esta matéria», sendo inaceitável que, a pretexto de se negociar tudo, «se arraste a actualização dos salários».
Nesse comunicado, a estrutura sindical dá conta da realização, no dia 21, de uma reunião dos sindicatos com a administração, na qual esta informou do aumento do número de passageiros em 2015 e reconheceu que os trabalhadores foram os «grandes heróis» dos resultados alcançados. Apesar disso, nota o sindicato, os trabalhadores viram os seus salários desvalorizados uma vez mais. O congelamento verificado desde 2009 já provocou uma desvalorização de 7,2 por cento nos vencimentos dos ferroviários.