em Rio de Mouro
Construir uma campanha militante
Travestido de uma falsa independência, Marcelo Rebelo de Sousa almeja chegar a Presidente dissimulando a fidelidade à política de direita, aos partidos que a agravaram nos últimos quatro anos e que o apoiam na actual corrida eleitoral. Neste contexto, e sabendo que a 24 de Janeiro «a direita lá estará com o seu voto», importa mobilizar o povo para que não vote «como Passos, Portas e Cavaco», sintetizou Jerónimo de Sousa discursando no final de um jantar com apoiantes da candidatura de Edgar Silva.
Na iniciativa realizada na noite de sábado, 9, em Rio de Mouro, concelho de Sintra, o candidato comunista à Presidência da República não esteve presente. Mas a mobilização para o voto em Edgar Silva ocupou boa parte da intervenção do Secretário-geral do PCP que, junto com mais de uma centena de participantes no jantar, ali deixou o compromisso de tudo fazer para derrotar Marcelo Rebelo de Sousa, aquele que é, de facto, o protagonista da desforra que PSD e CDS pretendem impor depois das legislativas de 4 de Outubro. Nesse sentido, Jerónimo de Sousa apelou «a todos os que lutaram todos estes anos» para que integrem «esta campanha militante» e façam dela um grande movimento de esclarecimento.
«A vida não se faz só de eleições», lembrou. Porém, insistiu, o que está em causa – impedir que PSD e CDS recuperem posições perdidas e eleger para a Presidência da República quem cumpra e faça cumprir a Constituição –, convoca todos a serem mandatários da candidatura de Edgar Silva.
Em Novembro, dizia-se que a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa «estava no papo». Agora, as mesmas sondagens que asseguravam a vitória do candidato do PSD, do CDS e de Cavaco Silva, já indicam que está a perder terreno. Razão, prosseguiu o Secretário-geral do PCP, para acreditar que será vencido nas urnas que contam.
Em 1996 e em 2006, lembrou ainda, também as pesquisas garantiam que o candidato da direita chegaria a Presidente. Mesmo considerando os diferentes contextos, um facto comum emerge: no primeiro caso, Cavaco acabou derrotado; no segundo, ganhou por muito escassas décimas. O que mostra a inexistência de inevitabilidades, concluiu Jerónimo de Sousa que, a poucas horas do arranque da campanha eleitoral, deixou uma certeza: «Esta é uma candidatura para ir a votos».