Com vínculos precários e pagamento à hora

Luta vitoriosa na Alstom

Os trabalhadores das empresas que «prestam serviço» na metalúrgica General Electric (ex-Alstom), em Setúbal, conseguiram evitar a redução do valor da remuneração à hora.

Os trabalhadores podem travar o agravamento da exploração

Centena e meia de trabalhadores da Argoweld, da Rainbow Equation e da Industrial Modem, que na sua grande maioria laboram com vínculos de trabalho precários, reagiram com firmeza ao anúncio de que a sua remuneração de referência iria baixa de 12 para 10,65 euros por hora. No primeiro dia de trabalho deste ano, segunda-feira, com o apoio do SITE Sul (sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN), não pegaram ao trabalho e concentraram-se na entrada das instalações da empresa onde trabalham, a General Electric (ex-Alstom).
Ali permaneceram também no dia seguinte, enquanto os seus representantes exigiam e conseguiam reunir-se com as entidades patronais.
A GE, com o recurso às empresas prestadoras de serviços, preparava-se para provocar uma perda que o sindicato, ao anunciar o início da luta, estimava em 300 euros mensais. À agência Lusa, um trabalhador disse que, no seu caso, perderia até 400 euros com a redução do valor da hora de trabalho.
As empresas pretendiam ainda reduzir em 50 por cento o valor pago por trabalho extraordinário e criar um «banco» de horas, medida que iria reduzir substancialmente o número de horas consideradas como trabalho suplementar. Estas pretensões também foram rechaçadas. Vingou apenas a redução do subsídio de transporte em cerca de 50 por cento, como referiu Eduardo Florindo, coordenador do sindicato, citado pela Lusa.

«Valeu a pena lutar», destacou o SITE Sul, num segundo comunicado, em que apontou este caso de «persistência, unidade, acção e luta» dos trabalhadores, «com o apoio do seu sindicato de classe», como «a prova viva que vale a pena lutar» e de que «estar sindicalizado é, sem dúvida, estar mais seguro».
A vitória foi saudada igualmente pela União dos Sindicatos de Setúbal, que há dias tinha divulgado vários casos de lutas bem sucedidas (que aqui noticiamos).

Cutelaria

O SITE Norte, da mesma federação, anunciou para hoje duas acções de luta junto de empresas de cutelaria, na freguesia de Caldas das Taipas (Caldelas), no concelho de Guimarães, onde tem grande relevância aquele subsector metalúrgico: às 12 horas, junto da MAFIL, em Fermentões. O sindicato explica, em nota à imprensa, que os trabalhadores não vêem os seus salários aumentados há mais de 11 anos, sendo pagos por referência ao salário mínimo nacional. Às 14 horas, a concentração junto à Herdmar, em Barco São Cláudio, vai responsabilizar os gerentes, que fazem parte da direcção da associação patronal do sector, por esta bloquear sistematicamente as negociações do contrato colectivo de trabalho.

Petrogal

A greve de segunda-feira, na refinaria de Sines, «teve uma elevada adesão dos trabalhadores abrangidos pelo pré-aviso, com impactos no funcionamento do sistema produtivo e em outros sectores e serviços, incluindo a paragem do terminal petrolífero e do abastecimento de carros-tanque», refere a Fiequimetal, numa saudação aos trabalhadores da Petrogal e à sua «justa luta pela defesa da contratação colectiva, dos direitos laborais e sociais e dos regimes de saúde e de reformas».
A federação aguarda uma decisão judicial sobre a providência cautelar que visa suspender a eficácia do despacho conjunto dos ministros do Trabalho e da Economia, que ilegalmente impediu o livre exercício do direito à greve convocada para os dias 28 a 30 de Dezembro. Por decisão tomada nos plenários de dia 30, vão ocorrer novas paralisações amanhã.

 



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