INE e novos casos acentuam razão da CGTP-IN

Urgência contra desemprego

«Combater o desemprego estrutural constitui uma urgência nacional», reafirmou a CGTP-IN, comentando os números do INE, há duas semanas – e vários casos recentes vieram dar-lhe mais razão.

O desemprego combate-se evitando a destruição de postos de trabalho

Na estimativa relativa ao terceiro trimestre, o Instituto Nacional de Estatística apontou uma taxa de desemprego de 11,9 por cento, o que representa «a manutenção de um elevado nível», como a Inter salientou na altura, acrescentando que, «na verdade, o desemprego atinge valores bem mais altos».
A taxa real de desemprego e subocupação é de 22,1 por cento, correspondendo a mais de um milhão e 200 mil trabalhadores, onde se contabiliza subempregados, inactivos disponíveis para trabalhar e desempregados ocupados nas «medidas activas de emprego», como contratos emprego-inserção ou os estágios.
Nos jovens com idades até 25 anos, a taxa oficial de desemprego é de 30,8 por cento, mas a CGTP-IN notou que, contando os inactivos disponíveis e indisponíveis e os subempregados, a taxa real de desemprego e subocupação é de 49 por cento. Assinala ainda que os números «seriam bastante mais elevados se não se tivesse verificado um significativo aumento da emigração durante a governação do PSD/CDS».
No terceiro trimestre, o INE registou novo aumento da precariedade, que afecta mais de 832 mil trabalhadores, representando 22 por cento dos assalariados. Entre os jovens o emprego precário tem proporções «escandalosas»: 70 por cento, na faixa etária até aos 24 anos, e 34 por cento, na faixa dos 25 aos 34 anos.
A Inter recorda que cerca de um milhão e 200 mil trabalhadores por conta de outrem recebem um salário inferior a 600 euros.
Para inverter a situação, a confederação reafirmou ser necessário que se ponha em prática uma política «que altere o modelo de desenvolvimento, para que este passe a assentar não em trabalho mal pago e precário, como até agora, mas sim em produções de maior valor acrescentado, valorização do trabalho e dos trabalhadores, aumento das qualificações».
Insistiu na exigência de «uma política de desenvolvimento criadora de emprego de qualidade» e na implementação de um Plano de Combate à Precariedade, apontando para medidas como a revogação da legislação que facilita os despedimentos e reduz as indemnizações; o fim do uso abusivo e ilegal dos contratos a termo e dos falsos recibos verdes (com a regularização dos trabalhadores nestas situações); a revogação das normas do Código do Trabalho que discriminam os jovens à procura do primeiro emprego e os desempregados de longa duração.

Centenas em risco

Nesta terça-feira, de manhã, o Secretário-geral da CGTP-IN esteve num plenário de trabalhadores da fábrica de roupa interior da Triumph International, em Sacavém (Loures), onde foi decidido prosseguir a luta pela defesa dos mais de 500 postos de trabalho, colocados em risco pela decisão patronal de vender esta unidade de produção.
Em declarações aos jornalistas, no final da reunião, Arménio Carlos e Manuela Prates, dirigente do Sindicato dos Têxteis, Lanifícios e Vestuário do Sul, salientaram que a empresa alemã sempre obteve aqui lucros, dispõe de mão-de-obra qualificada e tem sido reconhecida a qualidade da produção. A administração foi acusada de estar a iludir os trabalhadores, quando lhes diz que vai manter postos de trabalho, porque a intenção verdadeira é manter as vendas, mas abandonar a produção, pois será mais lucrativo deslocalizá-la para a Ásia.

O Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos prossegue, com os trabalhadores da Mondeléz, a resistência contra o encerramento da fábrica de bolachas em Mem Martins (Sintra) que a multinacional sucessora da Kraft Foods e que detém, entre outras, as marcas Proalimentar e Triunfo, pretende encerrar no terceiro trimestre de 2016. O plano prevê transferir a produção para uma unidade fabril em Opava, na República Checa, despedir quase uma centena de trabalhadores. No dia 9, o Sintab/CGTP-IN e a Comissão de Trabalhadores foram recebidos pelo presidente da Câmara Municipal de Sintra, que informou acerca das diligências que já fez junto da AICEP e do Ministério dos Negócios Estrangeiros e declarou disponibilidade para criar condições para evitar o fecho, como relatou a agência Lusa. O coordenador do sindicato reafirmou que os trabalhadores estão determinados a resistir.

O banco BBVA confirmou, no dia 12, que vai encerrar 26 agências em Portugal e despedir 187 trabalhadores, cumprindo a última etapa da «reestruturação» iniciada há um ano e reduzindo substancialmente a sua rede no País. Ao dar a notícia, a Lusa recordou que o banco espanhol tem hoje 38 agências e 583 trabalhadores.

Da Caixa Geral de Depósitos, saíram desde Janeiro 117 trabalhadores, por rescisões, e 111 por reformas antecipadas (que o banco pretende elevar até 300 este ano), revelou a Lusa no dia 12. Foram encerradas 25 agências, nos primeiros nove meses de 2015. Na comparação entre o final de Junho de 2014 e deste ano, ocorreu uma diminuição de 41 agências e de 190 trabalhadores.

Na Dilofar (distribuidora do grupo farmacêutico Udifar) o anúncio da intenção de reduzir 19 postos de trabalho na plataforma logística do Cacém (Sintra) foi contestado pelo SITE CSRA. O sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN realizou um plenário de trabalhadores no dia 3 e admitiu avançar com formas de luta, salientando que a empresa apresentou lucros em 2014 e pretende apenas substituir trabalhadores efectivos e com direitos por empresas de aluguer de mão-de-obra.

 



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