Parem o ataque nos transportes
Os processos de privatização e subconcessão foram contestados, antes de 4 de Outubro, por partidos que agora estão em maioria no Parlamento, lembrou a Fectrans/CGTP-IN, ao anunciar acções de luta no sector.
É preciso responder às necessidades da população e valorizar os trabalhadores
«Continuar a luta pela defesa do transporte público» foi o propósito afirmado pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, no dia 22, quando divulgou a manifestação de terça-feira, dia 27, envolvendo representantes dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa e da Carris, e um plenário de ferroviários, no dia 3 de Novembro.
Na nota divulgada à comunicação social, a Fectrans refere que das eleições de dia 4 resultou uma maioria parlamentar de partidos que se opuseram, antes desta data, aos processos de privatização que o Governo do PSD/CDS desencadeou, com o objectivo de transformar em negócios privados um sector que deve ser público e deve estar ao serviço da população.
Com as acções que a federação e os seus sindicatos, em conjunto com outras estruturas de trabalhadores de empresas públicas de transportes, vão realizar acções, pretende-se «recolocar, no actual quadro parlamentar, as reivindicações que estiveram na base da intensa luta anteriormente desenvolvida». Em concreto, visam «apelar aos deputados eleitos», para que «parem os processos de privatização em curso e revoguem todas as normas do OE e leis que cortam salários e pensões, que retiram direitos e que suspendem a contratação colectiva livremente acordada entre sindicatos e empresas».
A concentração de activistas sindicais do Metropolitano de Lisboa e da Carris, anteontem, iria terminar frente ao Palácio de São Bento, com a entrega simbólica de «uma borracha para apagar o contrato de privatização».
No dia 3, terça-feira, às 10h30, vai realizar-se um plenário de representantes dos trabalhadores ferroviários (dirigentes e delegados sindicais e membros das comissões e sub-comissões de trabalhadores).
Greve na Carristur
Os trabalhadores da Carristur voltam a fazer greve no próximo fim-de-semana, em protesto contra a constante fuga da administração à obrigação legal de negociação colectiva. Esta paralisação de dois dias foi decidida porque, na reunião de 30 de Setembro, «a administração não acedeu a qualquer uma das propostas» que saíram do plenário realizado no decurso da greve de 12 de Setembro, como explicou o sindicato da Fectrans no sector. O STRUP acusa a administração de pretender «perpetuar a precariedade com que os trabalhadores são confrontados».
Pressa por explicar na STCP
A Comissão de Trabalhadores da STCP (Sociedade de Transportes Colectivos do Porto) contestou a «pressa» manifestada pelo Governo e pela administração na concretização da assinatura do contrato de subconcessão do serviço com a ALSA. Numa nota à comunicação social, cujo conteúdo a Fectrans partilhou no seu sítio electrónico na segunda-feira, dia em que foi subscrito o documento, a CT começa por questionar se «esta correria» tem a ver com o facto de os grupos parlamentares do PS, PCP e BE terem manifestado o propósito de apresentarem, no início da legislatura, um projecto de lei para impedir a concessão da Carris e do Metro de Lisboa, bem como da STCP.
Ou, interroga a CT, terá «como único objectivo» virem mais tarde «pedir chorudas indemnizações ao Estado português por incumprimento do contrato».
Reafirmando «muitas dúvidas e fortes reservas acerca dos verdadeiros e genuínos propósitos deste negócio», a CT da STCP reclama que sejam esclarecidas várias questões, nomeadamente, se será verdade que o Grupo ALSA:
– tem como consultores Amândio de Oliveira, que foi o primeiro presidente da Autoridade Metropolitana de Transportes, e o antigo ministro Luís Marques Mendes;
– prepara-se para entregar aos operadores privados da área metropolitana do Porto cerca de 60 por cento da exploração das actuais linhas da STCP, para encerrar a estação da Via Norte )ficando apenas com parte da frota de Francos) e para despedir trabalhadores da STCP.
A CT interroga ainda se é verdade que, em Novembro de 2014, quando foi lançado o concurso internacional, o custo de 1,58 euros por quilómetro foi apurado a partir de um custo do barril do petróleo que estava em 92 dólares, e esse custo não foi alterado na altura do ajuste directo, quando o petróleo está a um preço muito inferior (49 dólares por barril). «Só esta diferença permite ao subconcessionário embolsar por ano três milhões de euros», afirma a CT.
No comunicado refere-se ainda as concessões do tarifário Andante, por parte da administração dos TIP (Transportes Intermodais do Porto) a «linhas ilegais de operadores privados, que estão a circular em troços cuja concessão é exclusiva da STCP», o que «pode consubstanciar gestão danosa».