Intervenção de Jerónimo de Sousa,
Secretário-geral do PCP,
no Acto de Abertura da Festa do Avante!

Confiança para a batalha das legislativas

Uma sau­dação fra­ternal a todos vós, uma sau­dação em par­ti­cular à JCP e à ju­ven­tude que aqui es­ti­veram na cons­trução, que aqui estão par­ti­ci­pando à vossa ma­neira o que em si mesmo sig­ni­fica que a Festa do Avante! tem fu­turo!

 

Abertas as portas desta 39.ª edição per­mitam-me que re­leve essa de­cisão au­da­ciosa do nosso Par­tido em ad­quirir o ter­reno da Quinta do Cabo que será aberto na qua­dra­gé­sima edição que tor­nará a Festa do Avante! maior e mais bela. De­cisão au­da­ciosa quando sus­ten­tada numa Cam­panha de Fundos, na con­tri­buição dos mi­li­tantes e amigos, de de­mo­cratas e pa­tri­otas. Só um Par­tido com uma grande con­fi­ança no fu­turo se lan­çaria na con­cre­ti­zação desse ob­jec­tivo.

 

E num ba­lanço em an­da­mento que­remos dizer-vos que já fi­zemos mais de meio ca­minho; que tendo em conta com­pro­missos, está per­fei­ta­mente ao nosso al­cance chegar e passar, em Abril do ano que vem, a meta a que nos pro­pu­semos!

 

Esta Festa vai re­a­lizar-se num quadro po­lí­tico e elei­toral de grande exi­gência e em que o re­sul­tado das elei­ções le­gis­la­tivas de 4 de Ou­tubro vai de­ter­minar muito da evo­lução da vida po­lí­tica na­ci­onal.

 

Num quadro em que o Go­verno PSD/​CDS sob a ba­tuta da troika e com o com­pro­me­ti­mento e a ren­dição do PS, pro­vocou danos pro­fundos na vida de mi­lhões de por­tu­gueses, dei­xando o País mais en­di­vi­dado, mais de­pen­dente do es­tran­geiro, com mais de­sem­prego, mais emi­gração, mais po­breza e mais po­bres, mais in­jus­tiças, mais con­cen­tração de ri­queza nas mãos de uns quantos.

 

O que de­ter­minou e ca­rac­te­rizou a na­tu­reza e ob­jec­tivos desta po­lí­tica e deste Go­verno não foi a aus­te­ri­dade, foi sim o au­mento da ex­plo­ração!

 

Ba­lanço trá­gico que al­guns pro­curam ar­redar da me­mória para pôr o conta-qui­ló­me­tros a zero e, de novo, vol­tarem a en­ganar os por­tu­gueses.

 

Ba­lanço trá­gico que só não foi mais longe porque a essa po­lí­tica se opu­seram os tra­ba­lha­dores, sec­tores di­versos e as po­pu­la­ções. A seu lado es­teve sempre o PCP e as forças que in­te­gram a CDU, sempre do lado certo, mesmo quando o País era per­cor­rido pela ide­o­logia e pelos arautos das ine­vi­ta­bi­li­dades. Até a es­pe­rança qui­seram roubar ao povo por­tu­guês!

 

Foi esta luta que levou ao iso­la­mento so­cial do Go­verno e que nos leva à con­vicção da sua pe­sada der­rota nas elei­ções le­gis­la­tivas de 4 de Ou­tubro!

 

Mas, sendo tão im­por­tante der­rotar o Go­verno, é pre­ciso der­rotar a po­lí­tica de di­reita. Pôr fim a esta al­ter­nância sem al­ter­na­tiva go­ver­nando à vez e por turnos. Passos Co­elho re­cen­te­mente deixou es­capar o que lhe vai na alma quando afirmou que nestas elei­ções não im­porta que a mai­oria ab­so­luta seja do PSD/​CDS ou seja do PS. Im­por­taria era salvar o pros­se­gui­mento da po­lí­tica que tem vindo a ser exe­cu­tada, in­vo­cando como ob­jec­tivo su­premo a es­ta­bi­li­dade go­ver­na­tiva. Mas ao longo dos úl­timos 39 anos o que mais houve foram mai­o­rias ab­so­lutas, do PS, do PSD, do PS com o CDS, do PSD com o CDS e até do PS com o PSD. Mai­o­rias ab­so­lutas que deram es­ta­bi­li­dade aos go­vernos mas que de­ses­ta­bi­li­zaram a vida de mi­lhões de por­tu­gueses e que con­du­ziram o País à si­tu­ação em que se en­contra!

 

E por isso nestas elei­ções há uma es­colha entre dois ca­mi­nhos!

 

Ou o pros­se­gui­mento do tra­jecto rui­noso se­guido por PS, PSD e CDS ou um ca­minho novo, com o re­forço da CDU para cons­truir e re­a­lizar uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda alar­gando a con­ver­gência com de­mo­cratas e pa­tri­otas ali­cer­çada numa pro­funda con­vicção de que Por­tugal tem fu­turo!

 

Aos que nos ques­ti­onam sobre o valor do voto na CDU nós afir­mamos que, na eleição de 230 de­pu­tados – porque é para isso, para eleger 230 de­pu­tados e não para eleger um pri­meiro-mi­nistro –, cada voto, cada de­pu­tado mais na CDU é um voto e um de­pu­tado a menos nos par­tidos res­pon­sá­veis por esta si­tu­ação, cada voto e de­pu­tado mais na CDU é a ga­rantia de que será usado não só no com­bate contra a po­lí­tica de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento mas também na pro­posta e na con­ver­gência para uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda.

 

As­su­mindo um com­pro­misso in­que­brável: cada voto na CDU será sempre res­pei­tado, com uma po­lí­tica de ver­dade, fa­zendo o que di­zemos e di­zendo o que fa­zemos, tendo sempre como re­fe­rência ética de que usa­remos esse man­dato para servir os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês e não para nos ser­virmos a nós pró­prios! Também aqui a prá­tica é o grande cri­tério da ver­dade.

 

Eis pois, ca­ma­radas e amigos, as ra­zões para es­tarmos de cons­ci­ência tran­quila mas, acima de tudo, con­fi­antes para travar com êxito mais esta ba­talha, con­fi­antes nos nossos can­di­datos e no nosso Pro­grama, nas nossas pro­postas, con­fi­antes nessa força imensa que sois vós mi­li­tantes, ac­ti­vistas e apoi­antes do PCP, da CDU.

 

Con­fi­ança que não é só ver­ba­li­zada mas sen­tida. Olhando para esta Festa, sa­bendo como foi pro­jec­tada, or­ga­ni­zada, cons­truída, como é par­ti­ci­pada, en­quanto em si­mul­tâneo ti­vemos de pre­parar, pro­gramar a cam­panha e ini­ciar a pré-cam­panha elei­toral, então há razão para ter con­fi­ança!

 

Con­fi­ança no Par­tido que temos, no Par­tido que somos, no seu pro­jecto, no seu ideal. Iden­ti­fi­cados com os le­gí­timos in­te­resses e as­pi­ra­ções do povo por­tu­guês, este povo a que per­ten­cemos e que em qual­quer cir­cuns­tância com ele e por ele lu­ta­remos!

 

Aqui se ex­pressam e ma­te­ri­a­lizam os va­lores da paz, da ami­zade, da so­li­da­ri­e­dade, do in­ter­na­ci­o­na­lismo, da afir­mação da so­be­rania, da jus­tiça so­cial, da de­mo­cracia avan­çada e do so­ci­a­lismo. Afinal a Festa do Avante! é também ex­pressão dos va­lores de Abril!

 

Está aberta a 39.ª edição da Festa do Avante.




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