Criminalização do enriquecimento injustificado

Um chumbo anunciado

O PCP considera a reprovação pelo Tribunal Constitucional, por unanimidade, de duas normas do diploma sobre criminalização do enriquecimento injustificado como uma decisão «mais do que previsível».

Revelador disso mesmo é o facto de a mesma ter sido tomada por unanimidade, considerou o deputado comunista e vice-presidente da AR António Filipe, numa reacção ao comunicado distribuído após a leitura pública da decisão dos juízes do Palácio Ratton.

Abordando as etapas mais recentes deste processo legislativo, mencionou o facto de no debate sobre o diploma, aprovado exclusivamente pelos votos do PSD e do CDS-PP, ter sido «denunciado que a solução aprovada era claramente inconstitucional» e que não só não resolvia como agravava todos os problemas que o TC suscitara aquando da sua anterior declaração.

António Filipe acusou por isso a maioria de aprovar um texto que já sabia ser inconstitucional e de ter rejeitado todas as propostas, designadamente as do PCP, que «resolveriam os problemas de inconstitucionalidade que tinham sido detectados».

Ao aprovar um texto que sabia de antemão que seria declarado inconstitucional, a maioria governamental revelou, assim, a sua «completa falta de vontade de criminalizar o enriquecimento injustificado», entende o deputado do PCP.

Pelo que, conclui, «chega-se ao fim da legislatura sem que o enriquecimento injustificado seja criminalizado, por responsabilidade exclusiva desta maioria».

No seu comunicado, o Tribunal Constitucional esclarece estar em causa no diploma a violação dos princípios da «legalidade penal» e da «necessidade de pena», sustentando, por outro lado, que se «contrariou o princípio da presunção da inocência».

Recorde-se que a fiscalização preventiva daquelas duas normas do diploma havia sido requerida pelo Presidente da República no início de Julho.

 



Mais artigos de: Assembleia da República

Amarras de submissão e declínio

Aprovada no término da Legislatura pela maioria PSD/CDS-PP, com a abstenção do PS, foi a oitava alteração à Lei de Enquadramento Orçamental. Para o PCP, que votou contra, esta é uma lei que mantém o País preso à política que nos tem afundado.

Avanço na ajuda às famílias

O Parlamento aprovou na recta final dos trabalhos um diploma relativo à declaração de morte presumida em caso de naufrágio de embarcação de pesca.

A justa homenagem aos antifascistas

Sendo o justo tributo a todos aqueles que no Edifício do Heroísmo sofreram a privação da liberdade, resistindo corajosamente, é também a «obrigação de um País que não pode deixar cair no esquecimento as atrocidades cometidas pelo regime fascista». Assim avaliou a deputada comunista Diana Ferreira o projecto de homenagem...

Crimes até ao último fôlego

O PCP voltou a considerar a privatização da operadora de transporte ferroviário de mercadorias CP Carga um «crime contra o interesse nacional». Na sequência do anúncio pelo Governo da venda desta empresa, com um papel estratégico para o desenvolvimento da nossa...

Defesa dos animais

LUSA Entre os muitos diplomas inviabilizados pela maioria PSD/CDS-PP no último plenário da Legislatura estava um projecto de lei do PCP propondo a modernização de Centros de Recolha Oficial de Animais e dos serviços municipais de veterinária. A...

Subverter princípio nodal

O PCP criticou as propostas de alteração ao Código Cooperativo aprovadas por PSD, CDS-PP e PS, com os votos contra das restantes bancadas, considerando que vêm «perverter e quebrar o princípio da igualdade «Um Membro, Um Voto». «Consagram a figura do membro...