Tor(y)menta para a maioria
A vitória do partido conservador (Tory) representa para a maioria dos britânicos a continuação das políticas de cortes sociais e redução do nível de vida.
Maioria dos britânicos não votou nos tories
No dia seguinte às eleições legislativas no Reino Unido, milhares de pessoas saíram à rua em Londres para demonstrar o seu desagrado com a vitória dos conservadores e a perspectiva de mais cinco anos de tormenta ou, no neologismo dos organizadores, tor(y)menta.
O protesto, convocado pela Assembleia Popular, começou com um desfile em direcção à sede de campanha dos conservadores, através das praças Trafalgar, do Parlamento e da ponte de Westminster.
Entoando cânticos, palavras de ordem e empunhando dísticos contra a austeridade, muitos dos manifestantes, na sua maioria jovens, exigiram um sistema eleitoral com representação proporcional.
Numa das imagens divulgadas em sites Internet via-se um cartaz lembrando um facto simples: «63 por cento dos eleitores não votaram nos tories».
Com efeito, graças ao particular sistema de círculos uninominais, a maioria absoluta dos conservadores (330 deputados) foi obtida com apenas 36,8 por cento dos votos, ao mesmo tempo que os trabalhistas, com 30,4 por cento dos votos, não elegeram senão 232 deputados.
Não surpreende pois que uma imensa maioria do povo britânico não se reveja na «vitória» dos tories, e foi essa a mensagem que o protesto de sábado, 8, pretendeu expressar.
A marcha evoluiu pacificamente até alcançar as imediações de Downing Street. Aí, toda a zona estava cortada com barreiras policiais que impediram os manifestantes de prosseguir e simples transeuntes de circular.
A meio da tarde registaram-se confrontos entre pequenos grupos e a polícia, de que resultaram vários feridos e 17 detenções.
A Assembleia Popular, que no mesmo dia também promoveu um protesto em Cardiff, capital do País de Gales, já anunciou que irá prosseguir as acções contra as políticas de austeridade.
Esta estrutura, que realizou grandes acções de protesto em 2014, define-se como um movimento contra os cortes e privatizações. Além de contar com o apoio de várias celebridades do audiovisual, tem também ao seu lado o partido Verde, sindicatos, incluindo o Unite, Unison e a União Nacional de Professores.