Uma greve silenciada
Os trabalhadores técnicos precários da Telefónica-Movistar estão em luta há mais de mês e meio, mas têm sido raras as notícias sobre esta greve histórica na empresa espanhola de telecomunicações.
Lutam por contratos estáveis e salários dignos
Em comunicado divulgado no domingo, 10, o comité de greve de Madrid saudou a unidade dos cerca de 15 mil técnicos da Telefónica MoviStar, assinalando assim o 44.º dia de greve, iniciada em 28 de Março e que se estendeu a todo o país a 7 de Abril.
A estrutura refere ainda o êxito da última acção dos grevistas em Barcelona, onde mais de cem trabalhadores ocuparam a loja da Movistar Mobile World Center na Praça da Catalunha, procurando romper o bloqueio informativo que tem abafado a sua luta.
Em resultado da ocupação, os representantes dos trabalhadores conseguiram uma primeira reunião com a administração da empresa na Catalunha para discutir aspectos contratuais, o estabelecimento de um salário mínimo e garantias de que os grevistas não sofrerão represálias.
Na reunião, realizada na segunda-feira, 11, não foram dadas respostas às reivindicações laborais.
A maioria dos técnicos responsáveis pela instalação e reparação de linhas telefónicas, ADSL e fibra óptica aufere salários abaixo dos 800 euros, cumprindo jornadas diárias até 12 horas, incluindo feriados e fins-de-semana.
No sector predominam os falsos trabalhadores independentes e com contratos a tempo parcial, cujas remunerações estão dependentes do número de instalações que realizam. Daí a exigência de um salário mínimo e de condições contratuais estáveis.
O controlo dos media
Apesar da grande adesão, a greve tem sido silenciada nos grandes meios de comunicação. A razão deste boicote informativo está provavelmente no facto de a Telefónica controlar, através de sumarentos contratos de publicidade, a generalidade dos meios de comunicação.
Além disso, a multinacional detém uma parte das acções do grupo Prisa, proprietário, por exemplo, do diário El País, controlando outros grupos de comunicação através de outros accionistas, como é o caso do BBVA que detém acções do grupo Vocento, proprietário do diário ABC.
Porém, os técnicos da Telefónica mostram-se determinados a levar por diante a sua justa luta.