Jerónimo de Sousa lança duras críticas ao Governo no debate quinzenal

Mais despedimentos no horizonte

O Secretário-geral do PCP manifestou-se preocupado quanto à evolução do emprego e do desemprego, entendendo que há «sinais inquietantes», e voltou a acusar o Governo de estar ele próprio apostado em proceder a despedimentos.

O Governo que diz combater o desemprego promove os despedimentos

«Lá se foram os sinais tão proclamados» pelo Executivo sobre o rumo da economia e da criação de emprego, referiu Jerónimo de Sousa, aludindo à mais recente subida do desemprego, de acordo com as estatísticas oficiais.

Embora vindo «clarificar um pouco a realidade sobre o emprego e o desemprego», tais dados não surpreenderam o líder comunista – «já o sabíamos», revelou –, uma vez que as estatísticas «desde que torturadas e retorcidas dizem sempre aquilo que se pretende que digam».

O problema está, porém, no «futuro próximo», advertiu o líder comunista, ao interpelar sexta-feira passada, 16, o primeiro-ministro no debate quinzenal no Parlamento. É que os «anúncios de despedimentos em serviços, no sector financeiro, os já anunciados na Base das Lajes, os pré-anunciados na TAP – porque é esse um objectivo da privatização da TAP –, os despedimentos em muitas empresas do País, isso sim são sinais inquietantes e tendências que se vão acentuar», considerou Jerónimo de Sousa.

Pior ainda, por via da chamada requalificação – «já não só para os trabalhadores da Segurança Social, mas ao que parece em todos os ministérios», admitiu –, é o próprio Governo que quer proceder a despedimentos, verberou o dirigente do PCP, lamentando tão «estranha forma de combater o desemprego» e vendo aqui uma «contradição insanável».

Manipulação

Quando se «olha para o desemprego ou para qualquer outra variável macro-económica» deve atender-se «sobretudo à sua tendência» e não para os valores discretos», respondeu, cauteloso, Passos Coelho.

Procurou valorizar assim a «tendência de desagravamento do desemprego mostrada pelo INE durante muitos meses», mas não teve como fugir ao reconhecimento de que mais recentemente a evolução «mostrou agravamento».

Recusou ainda que possa ter havido manipulação das estatísticas pelo INE, garantindo que o Governo «não interfere nessa matéria e que reconhece os números que são apresentados pelo IEFP». Negou, por outro lado, que o Governo pretenda despedir através do processo da «requalificação», considerando a acusação uma «mistificação». «A requalificação não é despedimento», asseverou.

Ora «a possibilidade do despedimento começa logo pelo corte nos salários, na chantagem sobre os trabalhadores que ficam nesse regime», replicou o líder do PCP, para quem a requalificação «é a ante-câmara do despedimento».

Jerónimo de Sousa voltou por fim à carga com a questão dos dados estatísticos e da manipulação a que estão sujeitos, fazendo notar ao primeiro-ministro que não estava em causa o INE mas sim o tratamento estatístico dos dados pelo IEFP, nos moldes em que este o fez e que permitiam a «distorção da realidade» sobre o desemprego.




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