Mobilização nos transportes
É crescente a preocupação dos trabalhadores do sector dos transportes públicos face à política privatizadora do Governo. Recentemente, mobilizaram-se os trabalhadores da STCP e da EMEF. Os do Metro de Lisboa estão hoje em greve.
Trabalhadores reivindicam direitos e qualidade do serviço
No dia 19, os trabalhadores da STCP levaram a efeito uma acção de protesto, no Porto, contra a degradação do serviço público prestado, que, entendem, é premeditada e tem por objectivo tornar mais barato o negócio da privatização/subconcessão e, por outro lado, facilitar aos olhos da opinião pública essa passagem do serviço público para a administração privada.
Os trabalhadores e as suas organizações representativas alertam que, para a empresa cumprir a oferta prevista na escala de Inverno, precisa de contratar mais 140 trabalhadores. Com o actual défice, a STCP deixa por realizar, diariamente, mais de 500 viagens em toda a sua rede, verificando-se ainda um incumprimento generalizado dos horários previstos. Depois, são os trabalhadores que enfrentam a «fúria dos utentes», registando-se casos frequentes de conflito entre motoristas e passageiros.
«A insegurança é já uma realidade», denunciam as ORT em comunicado, também pelo facto de os motoristas serem frequentemente solicitados para a realização de trabalho suplementar, «muitas vezes sem tempo para almoçar ou jantar».
No dia 15, cerca de duas centenas de trabalhadores da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário) manifestaram-se, em Lisboa, para reivindicar o carácter estratégico e estrutural da empresa na defesa da qualidade e segurança do transporte ferroviário no País. No decorrer da mobilização, convocada pelo SNTSF e pela Fectrans, os trabalhadores manifestaram a sua oposição à destruição da empresa e à consequente destruição de postos de trabalho, tendo exigido ao Governo que ponha fim à incerteza com que se confrontam actualmente.
No desfile entre Santa Apolónia e Ministério da Economia, com paragem no Ministério das Finanças, os ferroviários denunciaram a transferência para multinacionais de tarefas que poderiam e deveriam ser executadas pela EMEF, exigiram que a manutenção do Metro do Porto se mantenha na empresa, que a manutenção dos vagões da CP Carga não seja entregue a Espanha e que a grande reparação dos Alfas não se atrase mais.
Hoje, os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa realizam uma greve de 24 horas. Esta luta, decidida durante a greve de dia 10, que teve grande adesão, visa defender os direitos dos trabalhadores – que vêem os seus salários diminuírem, as condições de trabalho degradarem-se, os postos de trabalho reduzidos – e os dos utentes, que, em virtude das políticas de desinvestimento e destruição do serviço social, vêem os preços aumentar e assistem à redução da regularidade e frequência dos comboios. Assim, os trabalhadores do ML exigem: a manutenção da componente social do serviço prestado pela empresa; a reposição do quadro de trabalhadores e o investimento necessários à prestação de um serviço com maior qualidade e segurança; o cumprimento integral do Acordo de Empresa; e o fim dos roubos nos salários e nas reformas.