Uma pedra de toque

Filipe Diniz

Não temos nada a ver com as «primárias» do PS. Até porque nenhum dos candidatos é de molde a que se alimente qualquer espécie de ilusão. E uma das pedras de toque para avaliar a questão é a posição relativa ao processo de evolução da UE. O nosso País não estaria na dramática situação actual sem o processo de integração europeia, sem a integração no euro, sem a ingerência da troika, sem o «Pacto de Estabilidade», sem o «Tratado orçamental».

E que dizem Costa e Seguro sobre a matéria? Em primeiro lugar, tiram o cavalo da chuva: os problemas existentes são da responsabilidade do PSD e do CDS. Se o PS subscreveu o «memorando», aprovou tratados e «estratégias» anteriores, pactos e tratados posteriores, eles não deram por isso.

E é a reboque desta UE que traçam as suas perspectivas de «futuro». Diz Seguro: a «correcção desta União Económica e Monetária» […] «só pode nascer de um impulso que reforce a componente federal da construção europeia. Impulso que é preciso dar […] nos planos da integração económica, orçamental, fiscal e política». E Costa responde com «uma aplicação inteligente e flexível do Pacto de Estabilidade e Crescimento e do Tratado Orçamental».

Podiam ter lido o insuspeito Economist («The euro zone: That sinking feeling (again)» 30.08.2014). «Nas últimas semanas os países da zona euro começaram de novo a meter água. O seu PIB conjunto estagnou no segundo trimestre […]». «O que começara com uma crise bancária e da dívida soberana degenerou numa crise de crescimento que está agora a atingir as suas três maiores economias. A Alemanha oscila à beira da recessão. A França está atolada na estagnação. O PIB da Itália está escassamente acima do nível a que se encontrava quando a moeda única entrou em vigor há 15 anos». Estes países são responsáveis por dois terços do PIB da zona euro. E o Economist conclui que «o risco político de que um ou mais países decidam sair da moeda única vai crescendo. A crise do euro não está ultrapassada; mantêm-se no horizonte, na expectativa».

Está claro que a crise do euro é apenas uma componente da crise do processo de integração capitalista europeu, no quadro de uma profunda crise geral do capitalismo. A bóia de salvação que esta UE pode proporcionar é das que arrastam o náufrago para o fundo.




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