Vale tudo
A caricatura e distorção das posições do PCP, prática em que a maioria PSD/CDS-PP é useira e vezeira, perpassou de forma também muito vincada nas intervenções do primeiro-ministro. Este, aliás, certamente por sentir o terreno a fugir-lhe debaixo dos pés com a clamorosa derrota que o povo lhe infligiu em 25 de Maio, e pela consciência que tem do que representa o avanço eleitoral da CDU, esteve particularmente activo no ataque descabelado ao PCP. A «coerência política do PCP é para o desastre económico e social», atacou em tom hostil, insistindo em falsidades e deturpações do género: o objectivo é a «saída da Europa» e a «estatização da economia»; que a saída do euro seria a «delapidação das poupanças, a bancarrota do Estado e a subida do desemprego», além de significar «retrocesso» e «isolamento». Em suma, «ficaríamos à deriva, na miséria e sem futuro», ameaçou, numa prosa adjectivada onde só faltou invocar a fome a peste.
«Não me digam que o Reino Unido só porque não aderiu ao euro está a mais na União Europeia», ironizou, tranquilamente, Jerónimo de Sousa, que deixou uma ideia de fundo: nunca PSD, CDS-PP e PS quiseram discutir o euro, as condições de adesão, os impactos, as consequências que teria na nossa economia, no País.
E reafirmou que o PCP o que diz é que em «última análise será sempre o povo português a decidir, não é o PCP».