«Comissão de negócios»
«Um Governo ao serviço dos bancos e dos monopólios, que usa o poder legislativo contra o povo e contra os trabalhadores, contra os jovens e idosos, contra a Constituição», assim caracterizou o deputado comunista Miguel Tiago o actual Executivo PSD/CDS-PP. Admitiu mesmo estar-se em presença não de um governo mas de uma «comissão de negócios de especuladores e banqueiros».
Dura acusação esta que teve por base esse exercício simples que é o de saber para quem governa a coligação PSD/CDS-PP e quem é que a apoia, dando por adquirido à partida que não é certamente para o povo que governa e também não é deste que recolhe apoio.
«Apoiam o Governo apenas aqueles que até aqui ganharam com as suas políticas, que ganharam à custa dos roubos aos salários, pensões e serviços públicos e esperam continuar a ganhar com o que o Governo quer continuar a fazer», constatou Miguel Tiago, salientando que as «promessas aos poderosos vertidas no Orçamento do Estado para 2014, no Documento de Estratégia Orçamental, no chamado Guião para a Reforma do Estado» ilustram bem que a banca, a finança, os grandes grupos económicos, esses sim, têm todos os motivos para «confiar neste Governo e para o amparar com todos os seus meios».
Tanto mais que, especificou, assegurado foi já pelo Governo que gastará mais em Parcerias Público-Privadas e garantidas estão as negociatas dos contratos SWAP, além da promessa de «mais negócios de privatização» (como o em curso em torno da EGF), e de que se manterá inalterada a «política de liquidação da produção e do sector empresarial do Estado e dos serviços públicos».
Isto sem falar do compromisso de que continuará o «desmantelamento das escolas, dos hospitais, dos serviços públicos em geral, garantindo mais negócio a quem faz dos direitos mercadoria», bem como prosseguirá a gradual «diminuição dos salários do privado com a fragilização ou caducidade pura e simples da contratação colectiva».
Miguel Tiago não deixou de lembrar também a verba de 6400 milhões de euros já garantida pelo Governo para 2014 com vista a «recapitalizar os bancos que distribuíram milhões e milhões em dividendos accionistas nos últimos anos».