Maria Rosa Viseu

Faleceu Maria Rosa Viseu, destacada militante comunista do Couço, onde nasceu e onde, com apenas 13 anos, começou a trabalhar no campo – onde «se trabalhava de sol a sol para se receber uns míseros seis escudos», nas suas próprias palavras, lembradas por Octávio Augusto, da Comissão Política do CC, no funeral realizado no dia 20.

Desde cedo empenhou-se na luta por melhores condições de trabalho e contra a ditadura fascista, participando em acções de solidariedade com os presos políticos, aderindo à greve política de 1958, contra a burla eleitoral – Humberto Delgado ganhou aí as eleições por uns expressivos 80 por cento! –, e participando em greves, manifestações e outras jornadas de luta dos operários agrícolas. Foi participante activa na conquista da jornada de oito horas nos campos do Alentejo e Ribatejo – vitória histórica do proletariado agrícola.

Em 1961, foi presa pela PIDE, juntamente com outras companheiras de luta e de Partido. Como sucedeu a muitas outras mulheres do Couço, foi vítima da tortura do sono e de uma série de violentas torturas, para além da coacção e da humilhação. Como recordou Octávio Augusto, a «brutalidade da polícia foi tal que chegou a temer-se pela sua vida». Ainda assim, Maria Rosa enfrentou todas estas torturas com grande coragem e determinação. Julgada em Julho de 1961, foi condenada a 14 meses de pena correccional, tendo cumprido seis meses na prisão.

Uma vez em liberdade, retomou a luta da sua classe e do seu Partido.

Após o 25 de Abril, para o qual contribuiu ao longo de anos de luta abnegada, Maria Rosa Viseu assumiu tarefas na organização de freguesia do Couço e na Comissão Concelhia de Coruche do PCP, onde foi responsável pela coordenação de um organismo de direcção de seis Unidades Colectivas de Produção e cooperativas da Reforma Agrária. No IX Congresso do PCP, foi eleita para o Comité Central. Destacou-se igualmente na luta pela Reforma Agrária e na actividade sindical, tendo sido dirigente do Sindicato dos Operários Agrícolas do Distrito de Santarém.

Como sublinhou o membro da Comissão Política, foi uma «vida cheia, sempre com aquela contagiante alegria feita de convicções que não vacilam, que não desistem perante as adversidades da luta». Foi assim até ao limite das suas forças físicas. «A Maria Rosa deixou-nos. Fica o seu exemplo.»




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