Verdade e razão
Temos pela frente uma intensa batalha contra a mistificação
Aproximando-se a data das eleições para o Parlamento Europeu, que em Portugal se realizam a 25 de Maio, avoluma-se e ganha novos contornos a já monumental campanha de mistificação e mentira que é (constantemente) levada a cabo pelas forças e interesses que têm protagonizado e comandado durante décadas o processo de integração capitalista europeu – a União Europeia.
Para as forças de direita e da social-democracia («socialistas») é um vale tudo para fazer esquecer a sua (co)responsabilidade pelas políticas que foram prosseguidas e intensificadas ao longo dos últimos anos pela União Europeia e em cada país, sempre determinadas em função dos interesses dos grandes grupos económico e financeiros.
Como fazem sempre que se aproxima cada novo acto eleitoral, procuram ocultar tanto os reais objectivos como as inaceitáveis consequências da sua política, acenando que farão no futuro o contrário do que fizeram, fazem e que, verdadeiramente, tencionam continuar a fazer.
Por isso, nas próximas eleições é preciso (fazer) recordar que em Portugal, PS, PSD e CDS com a União Europeia e o FMI são os responsáveis por um «memorando de entendimento» – por uma política, por um pacto de agressão –, que serviu para, durante os últimos três anos, levar a cabo uma colossal concentração da riqueza, à custa do roubo dos salários, das reformas, das pensões e dos direitos laborais e sociais (a que dão o nome de «austeridade»), para gáudio dos grandes grupos económicos e financeiros nacionais e estrangeiros. Uma política que tem profundas e dramáticas consequências para a imensa maioria dos trabalhadores e do povo português, que aumentou o desemprego, o empobrecimento, a emigração e a dependência económica, agravando todos os problemas do País.
PSD e CDS, com a conivência do PS, jogam agora com as palavras, referindo o «fim da intervenção externa» e a «libertação da troika» ao mesmo tempo que ocultam que deram o seu subserviente acordo a novos e mais graves compromissos que condicionam a soberania nacional – como o denominado Tratado orçamental – e que tornam permanente a tutela da União Europeia dirigida pelo seu directório de potências, com a Alemanha (os seus grandes grupos económicos e financeiros) à cabeça.
Recorde-se que o Tratado orçamental, entre outros inaceitáveis aspectos, exige a inscrição dos limites de défice orçamental e de dívida pública estabelecidos pela União Europeia na Constituição da República ou em lei equivalente e, em caso de incumprimento, a imposição automática de «mecanismos de correcção» – ou seja, de «programas de reformas estruturais» (leis laborais, salários, reformas e pensões, serviços públicos, segurança social, privatizações,…) determinados pela União Europeia –, assim como sanções financeiras. Neste quadro inscreve-se igualmente o propalado «programa cautelar».
Isto é, a dita «saída limpa» (para o grande capital) não é mais do que a continuidade da mesmíssima política através de outros instrumentos. Uma política que PSD e CDS tencionam perpetuar ao afirmarem, com o silêncio cúmplice do PS, que não se voltará aos «níveis de riqueza ilusória» de «antes da crise», ou seja, que pela sua mão e vontade a concentração da riqueza nuns poucos, assim como a intensificação da exploração, o empobrecimento e o desrespeito dos mais elementares direitos da esmagadora maioria de que aquela se alimenta, viriam para ficar.
Uma vez mais, temos pela frente uma intensa batalha contra a mistificação e a mentira. Sabemos, e a realidade aí está a demonstrar, que tivemos e temos a verdade e a razão do nosso lado e que, com confiança, somos portadores de uma alternativa patriótica e de esquerda, que abrirá o caminho para um futuro melhor.