Apurar todas as responsabilidades
O objecto da comissão de inquérito proposta pelo PCP sobre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo será «abrangente», incluindo eventuais responsabilidades do PS e do PSD na matéria.
Há que apurar tudo para que a culpa não morra solteira
A garantia foi dada anteontem pelo deputado comunista e vice-presidente da AR António Filipe, que refutou assim a acusação do PSD segundo a qual haveria a intenção de reduzir o objecto «temporal» e «material» à gestão e à tutela dos dois últimos anos, deixando de fora o período anterior.
«O nosso objectivo é que seja apurado tudo aquilo que é necessário apurar relativamente a responsabilidades de quem as teve relativamente à situação a que chegaram os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e aqui não fazemos discriminação nenhuma entre responsabilidades de governos de PSD, responsabilidades de governos do PS, responsabilidades de administrações nomeadas pelo PSD, de administrações nomeadas pelo PS», afirmou o parlamentar do PCP.
Adiantou ainda que a sua bancada o que pretende é que «tudo seja apurado e que a culpa não morra solteira numa matéria tão relevante como é a dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo para a economia da região, para a economia nacional, para os postos de trabalho, para tudo o que está em causa».
«Não há recuo absolutamente nenhum. Nós o que queremos é, de facto, que tudo seja esclarecido e iremos propor um objecto de comissão parlamentar de inquérito onde caiba tudo aquilo que qualquer grupo parlamentar entenda que deve ser esclarecido», acrescentou, negando desta forma qualquer espécie de moeda de troca para obter a assinatura dos 22 deputados do PS necessários para garantir o mínimo de 46 mandatos exigido para viabilizar a comissão de inquérito potestativa.
«Do nosso ponto de vista, há responsabilidades quer de governos do PS quer de governos do PSD e não abdicaremos de apurar responsabilidades de quem as tiver, e o PSD que participará seguramente da comissão de inquérito também terá uma voz activa aí», concluiu António Filipe, que admitiu pudesse ser entregue ainda ontem o requerimento destinado a formalizar a comissão de inquérito parlamentar.