Travão à privatização<br>dos ENVC
A CGTP-IN exigiu que seja interrompido o processo de privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e reafirmou a necessidade de os manter e reabilitar como empresa pública, com potencial de crescimento e exportação.
Numa nota que emitiu dia 6, a central lembrou que «o Governo português apostou sempre e exclusivamente numa estratégia que visa privatizar e\ou desmantelar os ENVC, não tendo desenvolvido os esforços necessários no sentido de revitalizar a empresa e garantir o seu funcionamento sustentável». Esta insistência na privatização, a qualquer preço, independentemente dos custos económicos e sociais, levou o Governo «a não defender, junto da Comissão Europeia, os interesses dos ENVC», situação «agravada pela abertura do concurso público para a subconcessão de terrenos, infra-estruturas e equipamentos dos ENVC».
Denunciado a forma obscura como todo este processo tem sido conduzido, a Inter acusa o Governo português de ter agido «com manifesta negligência e de forma contrária ao interesse nacional em tudo o que respeita à empresa Estaleiros Navais de Viana do Castelo, nomeadamente por não ter suscitado, nas competentes instâncias europeias, os procedimentos necessários à melhor protecção dos interesses portugueses na viabilização dos ENVC». Este é um assunto que a CGTP-IN quer abordar com o Presidente da Comissão Europeia, a quem já pediu uma reunião, ainda por agendar. Destas posições deu conta à secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, no dia 25 de Julho.
No dia 6, a central solicitou ao ministro da Defesa os elementos do concurso público para a subconcessão de terrenos, infra-estruturas e equipamentos dos ENVC, incluindo o respectivo caderno de encargos, cujo aviso de abertura foi tornado público a 31 de Julho.
Nessa data, a Comissão de Trabalhadores dos ENVC expressou preocupação com a abertura do concurso e assinalou que esta opção «ideológica» do ministro «não está em sintonia» com a política anunciada pelo Governo noutros ministérios. Em declarações à Lusa, o porta-voz da CT, António Costa, notou que a subconcessão não condiz com os objectivos declarados na «estratégia para o mar» e na «reindustrialização» do País. José Pedro Aguiar-Branco «está a desbaratar uma ferramenta importante» para que estas intenções possam ser concretizadas, acusou.
Roubo nos CTT
Nos últimos seis anos, os CTT deram cerca de 400 milhões de euros de lucro, que foram entregues ao Estado. Levando em consideração os rumores sobre uma eventual avaliação da empresa em 700 milhões de euros, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações chamou a atenção para factos que mostram como «a privatização dos CTT é um roubo ao País e aos portugueses».
A avaliação em 700 milhões está «muito abaixo» do valor real dos Correios.
Os CTT têm cerca de 353 milhões de euros de responsabilidades futuras, que seriam deduzidas no valor a pagar pelo(s) comprador(es), o que coloca o preço em 347 milhões.
O SNTCT/CGTP-IN assinala ainda que a avaliação dos CTT para a privatização «tem como assessores financeiros a Caixa BI e a JP Morgan, a tal das swaps».