Distrito de Setúbal

Poderosa jornada de protesto e exigência

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A adesão verificada nas empresas e serviços da Península de Setúbal confirmou, desde muito cedo, que a greve geral de dia 27 constituiu efectivamente uma poderosa jornada de unidade e luta dos trabalhadores. A firmeza revelada nos piquetes de greve, essenciais para o sucesso da paralisação, e a combatividade expressa nas cinco manifestações realizadas na Península (em Almada, no Barreiro, na Moita, no Seixal e em Setúbal) foram a mais fiel imagem da greve numa região que, muito embora tenha visto desaparecer nas últimas décadas algumas das maiores e mais importantes indústrias nacionais, continua a ser uma terra de luta, de resistência, de construção de um futuro mais justo.

Num comunicado emitido no próprio dia 27 pelo seu Gabinete de Imprensa, a Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP saudou os trabalhadores e a jornada de luta que realizaram, considerando que ela revela a sua determinação em prossegui-la e intensificá-la «contra a exploração e o empobrecimento, pela rejeição do pacto de agressão, a demissão do Governo, a convocação de eleições e a mudança de políticas». Tratou-se de uma greve geral «contra a violação dos direitos contratuais, na defesa de postos de trabalho, pela contratação colectiva, contra a precariedade e o desemprego e exigindo salários justos» que teve um «enorme impacto» nas empresas e locais de trabalho, do sector público como do privado, valoriza o PCP.

 

Forte na indústria

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Particular significado teve, na região, a adesão dos trabalhadores da indústria, que paralisaram a produção em diversas empresas e a afectaram significativamente noutras. O PCP destaca a paragem da produção no estaleiro da Mitrena (Lisnave e todas as empresas que lá laboram), na Autoeuropa e no seu parque industrial, no Arsenal do Alfeite e na EMEF. Na Visteon, na Delphi e na Parmalat a produção não esteve parada, mas foi bastante reduzida.

A União de Sindicatos de Setúbal (USS/CGTP-IN), por seu turno, soma a estas outras empresas: Multiauto, Tanquipor e Amarsul (100 por cento); Euroresinas (produção parada); empreiteiros da Refinaria de Sines (90 por cento); Central de Produção Termo-eléctrica da EDP (80 por cento em alguns turnos); Simarsul (70 por cento); João de Deus e Alstom (a rondar os 50 por cento).

No sector do comércio e serviços, em lojas como o Continente no Montijo, o Jumbo de Almada e a Moviflor de Setúbal e Corroios registou-se igualmente adesões significativas.

 

Transportes parados

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No sector dos transportes, sublinham o PCP e a USS/CGTP-IN, a greve teve uma expressão esmagadora. A circulação da Fertagus esteve condicionada durante as primeiras horas da manhã e a linha do Sado da CP esteve parada durante todo o dia, tal como a CP Carga e a Refer, que registaram adesões de 100 por cento. Também na Metro Transportes do Sul (que serve Almada e Seixal) não houve circulação.

No que respeita aos autocarros, os Transportes Colectivos do Barreiro não circularam e nos Transportes Sul do Tejo a adesão foi superior a 75 por cento. No Tejo, praticamente não houve barcos, pois só funcionou uma ligação. Os terminais do Seixal e do Montijo estiveram fechados. Na Atlantic Ferries, no Rio Sado, só se efectuaram os serviços mínimos.

Os portos de Setúbal e Sesimbra encerraram e o Porto de Sines esteve com o tráfego congestionado devido à paralisação. Fechadas estiveram também as lotas de Setúbal e Sesimbra, onde se registaram adesões de 100 por cento nas respectivas frotas do cerco. Em Setúbal, a pesca artesanal parou a 85 por cento e a barra paralisou totalmente.

 

Sem serviços públicos

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No dia 27 não houve recolha de resíduos sólidos no distrito de Setúbal, à excepção de um caso pontual no Montijo, salienta a União de Sindicatos, garantindo que no global a adesão à greve nas câmaras municipais e juntas de freguesia se situou entre os 93 e os 100 por cento. Apreciação semelhante faz o PCP, falando das adesões «praticamente totais» nas autarquias, o que levou ao encerramento da «esmagadora maioria dos locais de trabalho e equipamentos».

Nos diversos hospitais da região, as adesões foram as «mais elevadas de sempre», tanto nos enfermeiros como no pessoal administrativo. As participações variaram entre os 77 e os 100 por cento, revela a USS. Mais de duas dezenas de centros de Saúde e unidades de Saúde Familiar estiveram fechados. Todos os serviços de atendimento da Segurança Social do distrito encerraram, tal como vários equipamentos sociais como creches e centros de dia.

O PCP valoriza ainda a atitude de diversas companhias e equipamentos culturais da região, como o Festival FUMO, o Teatro da Fonte Nova ou o Teatro Extremo, que declararam o seu apoio à greve geral e não apresentaram os espectáculos previstos para a noite de 27 de Junho.



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