Prosseguir a luta no Algarve
No Algarve, enfrentando o medo e o conformismo, as ameaças de desemprego e a intimidação nos locais de trabalho, a precariedade e a pressão do grande patronato e do Governo, prescindindo os trabalhadores de um dia de salário, a greve geral teve impacto e assumiu uma elevada expressão em todos os sectores, designadamente no privado, destacando-se, entre outras, a paragem de toda a frota de pesca algarvia e o enceramento das lotas.
Houve ainda uma crescente adesão dos trabalhadores da hotelaria, de que foi exemplo a participação de 80 por cento dos trabalhadores do Amendoeiras Golf Resort, em Silves, ou a paragem do sector da manutenção do Marina Tivoli Hotel, em Loulé.
Nas grandes superfícies comerciais também houve uma grande adesão por parte dos trabalhadores, nomeadamente da Moviflor de Olhão (100 por cento) e no Lídl de Vila Real de Santo António (95 por cento).
No sector metalúrgico, a empresa Carmix, em Portimão, encerrou, e na Otis (elevadores), em Albufeira, os trabalhadores tiveram uma grande participação neste dia de luta, que também no sector social fez encerrar vários infantários de misericórdias, como aconteceu em Castro Marim, Vila Real ou Monte Gordo.
Adesão
A nível dos transportes houve uma paragem total do transporte ferroviário, não entraram nem saíram navios dos portos algarvios e no Aeroporto de Faro foram cancelados 14 voos, para além de participações diversas nas empresas de transportes rodoviários.
No sector da administração pública local, a participação de milhares de trabalhadores na greve geral teve grande impacto na recolha do lixo – adesões totais ou quase totais em Loulé, Tavira, Vila Real de Santo António, Portimão, etc. -, nas oficinas da maioria das câmaras municipais, no funcionamento de serviços diversos – fecho de mercados, como o de Lagos, arquivos, bibliotecas, serviços de atendimento, etc. -, nas empresas municipais da região, em dezenas de juntas de freguesia e nos bombeiros municipais, designadamente em Olhão.
No sector da administração pública não foi diferente, com uma grande participação na área da justiça e da saúde, envolvendo centenas de enfermeiros e auxiliares, com adesões, em alguns casos, superiores a 80 por cento, como no Centro Hospitalar do Barlavento, em Portimão, e no conjunto dos centros de saúde. Na área da administração fiscal encerraram também muitas dependências das finanças (Olhão, Tavira, Loulé, Lagoa, etc.), e na educação muitos auxiliares e professores fizeram greve.