É preciso pôr fim ao desastre
O PCP assinalou em todo o País a passagem de dois anos da entrada em funções do actual Governo, reafirmando a exigência da sua demissão e da realização de eleições antecipadas.
O PCP está na primeira linha da luta contra o pacto de agressão
Na acção, concretizada num vasto conjunto de acções de contacto com os trabalhadores e o povo em diversos pontos do País, o PCP denunciava a natureza da política do Governo e da troika, as suas consequências e as mais recentes medidas anunciadas e que trarão por um lado mais exploração, através do roubo a rendimentos e da liquidação de direitos, e por outro a acumulação de volumosos lucros e dividendos pelo grande capital. Só em juros da dívida, parte dela ilegítima, o País perde por ano oito mil milhões de euros.
Nas acções realizadas, nas quais foi distribuído um folheto, apontava-se outro caminho para o País: uma política patriótica e de esquerda, que resgate o País da dependência, recupere para o País os seus recursos e sectores estratégicos e devolva aos trabalhadores e ao povo os seus direitos. Os comunistas deixaram ainda um forte apelo para a participação na greve geral de amanhã, contributo essencial para reforçar a luta pela demissão do Governo e pela ruptura com a política de direita.
Multiplicar a luta
Em Lisboa, realizou-se na manhã de dia 21 uma acção de contacto com a população no interface de transportes públicos do Cais do Sodré, com a presença de Bernardino Soares, da Comissão Política. Idêntica iniciativa ocorria do outro lado do rio, no terminal rodo-ferro-fluvial daquele concelho.
No mesmo dia, mas no Porto, centenas de pessoas percorreram o trajecto entre a Praça da Batalha e a Rua de Santa Catarina num desfile promovido pelo PCP para assinalar precisamente os dois anos da tomada de posse do actual Governo. As intervenções ficaram a cargo de Joana Borges, da Comissão Regional do Porto da JCP, Jorge Machado, membro da DORP e deputado na Assembleia da República, e Jaime Toga, membro da Comissão Política e responsável pela Organização Regional do Porto.
Este último afirmou que estes «dois anos de Governo PSD/CDS, que teve e tem o apoio do Presidente da República e a cumplicidade do PS, foram marcados pela submissão ao pacto de agressão, com o País a ser conduzido para o abismo económico e social». Dirigindo-se a «todos os trabalhadores roubados nos seus salários e direitos, a todos os atingidos por esta políticas, aos patriotas que não aceitam ver o País transformado num protectorado, a todos os democratas que têm nos valores de Abril e no regime democrático a sua referência para a construção de outro rumo», Jaime Toga apelou a que participassem na greve geral, erguendo o seu protesto contra a exploração, o empobrecimento e as injustiças e multiplicando a luta pela derrota da política de direita.
Travar a exploração
Em Faro foram duas centenas de pessoas que no mesmo dia e com reclamações semelhantes desfilaram pelas ruas da Baixa daquela cidade. Na «capital do desemprego» (o Algarve é a região do País com a taxa mais elevada), exigiu-se especialmente o fim das portagens na Via do Infante, o aumento dos salários e das pensões e a defesa da produção regional e nacional, rompendo com uma política que, na região, apenas apostou no turismo e na especulação imobiliária.
Nas palavras de ordem entoadas na manifestação e nas intervenções de Botelho Agulhas e Vasco Cardoso, respectivamente do Comité Central e da Comissão Política, foram ainda denunciados a crescente exploração dos trabalhadores algarvios – particularmente na hotelaria e no comércio –, a perseguição aos mariscadores e viveiristas que ganham o pão na Ria Formosa, a destruição de serviços públicos, a extinção de freguesias, o empobrecimento de milhares de idosos e a ruína de muitos micro e pequenos empresários.
Nesta acção, em que participaram muitos independentes que com o PCP constituem as listas para as autarquias, valorizou-se ainda as lutas travadas na região e deixou-se um forte apelo à participação na greve geral.