Vozes no feminino

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Não foram só dirigentes do Partido a intervir na sessão de sábado à tarde. Abordando diversas temáticas, várias oradoras acrescentaram argumentos a um debate amplo e antigo, que inevitavelmente continuará.

Regina Marques, militante comunista e activista do Movimento Democrático de Mulheres, destacou a importância e relevância do trabalho unitário de mulheres para a transformação da sociedade. Em sua opinião, é necessário «alargar o campo de acção das comunistas e do PCP a um leque de mulheres vítimas milenares de opressão». A dirigente associativa lembrou ainda a mensagem que Álvaro Cunhal dirigiu às mulheres na conferência de 1986, que se mantém actual: «organiza-te, participa activamente nos sindicatos e outras organizações unitárias, avança as tuas reclamações e objectivos, luta por eles, mobiliza as massas femininas para a luta.»

Filipa Costa, da JCP, chamou a atenção para a brutal ofensiva desferida contra os direitos conquistados ao longo de décadas de luta comum de homens e mulheres trabalhadores, denunciando os retrocessos em curso: a taxa de desemprego jovem a rondar os 42 por cento, sendo que nas jovens mulheres é ainda mais elevada; mais de metade das jovens com menos de 25 anos que trabalham fazem-no com contrato não permanente, tal como um terço das mulheres entre os 25 e os 34 anos. Também a violência doméstica e a prostituição aumentaram, denunciou a jovem comunista, apelando em seguida à luta contra todas as formas de discriminação, pela ruptura com as políticas que as promovem.

Ana Benedita, presidente da associação Moura Salúquia, destacou a importância da obra de Álvaro Cunhal para a luta das operárias agrícolas pela conquista da jornada de oito horas, em 1962, ou pela Reforma Agrária. Especial relevo, neste campo, merecem «Contribuição para o Estudo da Questão Agrária» e «Rumo à Vitória».

Odete Santos, por seu lado, realçou na sua intervenção a forma como Álvaro Cunhal tratava a mulher, na sua obra plástica e sobretudo literária. Em «Até Amanhã, Camaradas» surgem diversas mulheres combativas: a Joana e a Isabel, que morre muito jovem varada pelas balas assassinas da PIDE; a Conceição, que mesmo presa com o seu filho bebé não presta declarações à polícia e leva o marido, que falara, a voltar atrás; ou a Lisete, que lidera o movimento grevista na sua fábrica. Já em «A Casa de Eulália», há a própria Eulália e Consuelo Nuñez, a guerrilheira que tomba em combate.

Ilda Figueiredo, que não pôde estar presente, fez chegar uma intervenção sobre «As mulheres e a Paz».

Para além das intervenções, a sessão ficou ainda marcada por alguns belos momentos culturais: a actuação do grupo Chão da Feira, composto por duas jovens; o bailado «Deai», com Sofia Rosado e Manuel Galrinho; e o coro feminino Flores da Primavera, de Ervidel. 



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