Álvaro Cunhal e a luta pela emancipação da mulher

Componente essencial da luta revolucionária

Centenas de pessoas participaram, sábado, em mais uma grande iniciativa comemorativa do centenário de Álvaro Cunhal, desta feita sobre o seu contributo para a luta das mulheres.

A luta pela emancipação das mulheres é parte da luta geral

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Na intervenção que encerrou a sessão, Jerónimo de Sousa lembrou o «olhar atento» que Álvaro Cunhal dispensou, desde muito jovem, à situação das mulheres, questão que incluiu nas suas preocupações como um «importante combate, de entre os grandes e difíceis combates do seu tempo». Se este olhar está patente, ainda nos anos 30, em artigos que publicou em jornais e revistas, ele teve no «inovador e corajoso estudo que será a sua tese de licenciatura em Direito sobre o flagelo do aborto clandestino» um elemento especialmente destacado.

Enquanto dirigente do PCP, e na qualidade de Secretário-geral, Álvaro Cunhal produziu «centenas e centenas de textos» sobre o tema, que representam um «inegável património teórico, indissociável da acção e intervenção do Partido Comunista Português», sublinhou Jerónimo de Sousa. A sua obra e as suas análises sobre a situação das mulheres e a sua luta, acrescentou, «mantêm-se com redobrada actualidade e o seu conhecimento é de uma grande importância no combate que travamos pela igualdade e emancipação da mulher». Particularmente actuais estão as conclusões da Conferência do PCP sobre «A emancipação da mulher no Portugal de Abril», realizada em 1986, para a qual Álvaro Cunhal deu um contributo «inestimável».

Raízes fundas

Sublinhando que as análises e teses emanadas dessa conferência pioneira no panorama político-partidário português constituem um «valioso instrumento para a formação ideológica» e uma «importante “bússola” orientadora da acção dos comunistas», Jerónimo de Sousa destacou duas ideias: a de que a luta da mulher pela emancipação é inseparável da luta dos trabalhadores e dos povos pela libertação da exploração capitalista e opressão imperialista; e a constatação de que a luta revolucionária por transformações sociais é a «base e factor dinamizador fundamental do avanço do processo de emancipação da mulher».

Já na abertura da sessão, Fernanda Mateus destacara algumas das principais conclusões dessa conferência: que a independência económica das mulheres é o garante da conquista e exercício de direitos e liberdades; que na luta pela emancipação da mulher é necessário defender a igualdade de direitos na família; e que no processo de emancipação há que mudar mentalidades.

Lutas de hoje

Fernanda Mateus, que na Comissão Política acompanha as questões relacionadas com a luta e movimento de mulheres, alertou para o «sentido negativo da evolução da situação das mulheres», garantindo que retomar o processo emancipador está no «centro da intensa luta que tem sido travada e está a ser travada pelo PCP, pela luta dos trabalhadores e do povo português pela exigência de demissão deste Governo e desta política». Nesta luta, as mulheres têm um papel destacado, organizando-se, participando nos sindicatos e nas organizações unitárias.

Foi precisamente da participação das mulheres na luta que falou Francisco Lopes, dos organismos executivos do CC, que valorizou o facto de as mulheres trabalhadoras representarem uma grande fatia do total de novos sindicalizados e dos delegados sindicais eleitos. Considerando estar-se perante um «tempo de exigência», Francisco Lopes apelou ao desenvolvimento e intensificação da luta das mulheres trabalhadoras, «conscientes do seu papel decisivo na luta pelas reivindicações de todos os trabalhadores e ao mesmo tempo na luta contra a dupla exploração a que estão sujeitas». 



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