PCP reafirma solidariedade
O PCP participou na terceira edição da «Conferência Internacional de Argel. O direito dos Povos à Resistência», dedicada, desta feita, ao povo saaraui. O Partido fez-se representar por João Ramos, deputado à Assembleia da República, e reafirmou a sua solidariedade com a causa do povo saaraui pela autodeterminação e independência.
Participaram delegações de 51 países, delegações essas de composição muito variada onde se encontravam associações de solidariedade e amizade, autarcas, parlamentares, jornalistas, entre outros. Estiveram também presentes governantes e diplomatas da República Árabe Saaraui Democrática (RASD) e muitos saarauis vindos dos territórios ocupados. De Portugal, para além do PCP, estiveram também a CGTP-IN, o Movimento Democrático de Mulheres, o Conselho Português para a Paz e Cooperação e a Associação de Amizade Portugal-Saara Ocidental.
O povo saaraui divide-se entre os territórios ocupados por cerca de 130 mil soldados do reino de Marrocos, onde é vítima de uma repressão que mantém mais de cinco dezenas de presos, muitos deles sem julgamento, e mais de 600 desaparecidos; e os acampamentos nos territórios libertados e na Argélia, onde dependem inteiramente da solidariedade para sobreviver. Nos últimos tempos, esta solidariedade tem vindo a retroceder e aos acampamentos chega apenas metade daquilo que são as suas necessidades alimentares. Como consequências, doenças como a diabetes ou a celíaca têm vindo a aumentar.
Na conferência denunciou-se igualmente que o saque dos recursos da RASD continua. A pesca é explorada por Marrocos, Rússia e União Europeia e os fosfatos saem para diversos pontos do mundo a um ritmo de três milhões de toneladas/ano. O petróleo está em mãos francesas, tal como os recursos agrícolas, que têm ainda como destino Marrocos, e o próprio rei. A areia é utilizada na construção de empreendimentos turísticos nas Canárias, Cabo Verde e nas praias artificiais da ilha da Madeira.
No que respeita às perspectivas de evolução da situação, a conferência valorizou o relatório do enviado especial do Secretário-geral da ONU, Christopher Ross, considerado «globalmente positivo». Os participantes esperam que este relatório seja uma ajuda para que a missão da ONU no território (a MINURSO) alargue as suas competências à observação das questões dos direitos humanos, uma vez que é a única missão daquela estrutura em que isso não acontece. O reconhecimento da RASD pelo parlamento sueco criou também uma grande expectativa de que outros lhe possam seguir o exemplo.
Em 2013, a Frente Polisário cumpre 40 anos de vida e luta pela independência do Saara Ocidental.