Efeitos mais visíveis nos feriados e transportes

Greves contra horas à borla

Na CP, na CP Carga, na Refer e na EMEF, na Scot­turb, na So­flusa, na Ro­do­viária do Tejo os tra­ba­lha­dores mantêm-se unidos e firmes na luta contra o em­ba­ra­te­ci­mento do tra­balho e em de­fesa dos di­reitos.

O Có­digo per­mite, mas os rou­bados não aceitam

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As em­presas in­sistem em não res­peitar a con­tra­tação co­lec­tiva, pre­fe­rindo re­mu­nerar o tra­balho su­ple­mentar pelas re­gras que as troikas in­cluíram na le­gis­lação la­boral, com al­te­ra­ções vi­gentes desde 1 de Agosto, mesmo de­pois de a ACT já ter es­cla­re­cido que a lei apenas de­li­mita os va­lores mí­nimos. Em al­guns casos, a luta dos tra­ba­lha­dores obrigou os pa­trões a re­cu­arem. Nou­tros, com des­taque para o sector dos trans­portes, o con­flito ar­rasta-se e agu­diza-se, com con­sequên­cias para os tra­ba­lha­dores, os utentes e as em­presas. Como em fe­ri­ados an­te­ri­ores, a re­cusa do tra­balho à borla teve efeitos par­ti­cu­lar­mente vi­sí­veis nos dias 1 e 8 de De­zembro.

Assim su­cedeu na Ro­do­viária do Tejo e ou­tras da Trans­portes Bar­ra­queiro, que operam nos dis­tritos de Lisboa, Leiria e San­tarém. A greve foi con­vo­cada pelo STRUP, da Fec­trans/​CGTP-IN, que assim deu se­gui­mento à luta ini­ciada a 1 de No­vembro contra a re­dução do pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar, pela ac­tu­a­li­zação dos sa­lá­rios (con­ge­lados desde o ano 2000) e pela uni­for­mi­zação das con­di­ções de tra­balho nas di­fe­rentes em­presas do grupo, entre ou­tros ob­jec­tivos co­lo­cadas na re­visão do Acordo de Em­presa, e também pela anu­lação de pro­cessos dis­ci­pli­nares.

Con­fron­tados com a falta de pa­lavra da ad­mi­nis­tração, os tra­ba­lha­dores da Ro­do­viária do Tejo vão voltar à greve, de hoje até dia 24, das 3 às 10 horas, e nos dias 25 de De­zembro e 1 de Ja­neiro, das 3 às 24 horas, re­velou se­gunda-feira a fe­de­ração.

Na Carris, a luta voltou a unir as or­ga­ni­za­ções sin­di­cais mais re­pre­sen­ta­tivas. Em me­ados de No­vembro, a Fec­trans con­vocou greve aos fe­ri­ados e tra­balho su­ple­mentar, para todo os mês de De­zembro, apenas com o SNM, res­pei­tando a au­to­nomia das ou­tras es­tru­turas e ape­lando à uni­dade dos tra­ba­lha­dores, contra o roubo e em de­fesa do AE.

No dia 7, sexta-feira, em ple­nário re­a­li­zado nas ins­ta­la­ções da Pon­tinha, os tra­ba­lha­dores do Me­tro­po­li­tano de Lisboa de­ci­diram re­a­lizar nova greve, no dia 20, das 6 às 10 horas (das 8 às 12, para os sec­tores ad­mi­nis­tra­tivos e téc­nicos). As me­didas em vigor im­põem uma brutal re­dução dos sa­lá­rios e po­derão ser agra­vadas com uma re­dução de mais 133 euros por mês, na re­mu­ne­ração de cada tra­ba­lhador, caso se con­cre­tizem as ame­aças con­tidas na pro­posta de lei 106/​XII, que o Go­verno pre­tende aplicar a todo o sector em­pre­sa­rial do Es­tado.

No ple­nário, a CT con­firmou que a ad­mi­nis­tração do Metro au­mentou o sa­lário de dois téc­nicos, em 800 e 2200 euros, com efeitos re­tro­ac­tivos, o que con­trasta com o blo­queio das pro­mo­ções de cen­tenas de tra­ba­lha­dores e com o im­pe­di­mento de quais­quer ou­tros au­mentos, por im­po­sição do Or­ça­mento do Es­tado desde Ja­neiro de 2011. No co­mu­ni­cado em que tinha de­nun­ciado esta si­tu­ação, no dia 3, o STRUP co­locou em causa a pró­pria ne­ces­si­dade da no­me­ação, porque di­rec­tores com provas dadas na em­presa foram co­lo­cados na pra­te­leira ou man­dados para a re­forma.

Com adesão total, que im­plicou a in­ter­rupção das li­ga­ções flu­viais entre Lisboa e o Bar­reiro, es­ti­veram em greve, du­rante duas horas por turno, de se­gunda a quarta-feira da se­mana pas­sada, os tra­ba­lha­dores da So­flusa. Exigem a ne­go­ci­ação da re­visão do Acordo de Em­presa e o pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar pelos va­lores ins­critos no AE. Para an­te­ontem, de tarde, previa-se nova pa­ragem, para re­a­li­zação de um ple­nário. Foi igual­mente con­vo­cado um ple­nário de tra­ba­lha­dores da Trans­tejo, porque a ad­mi­nis­tração do grupo (de que faz parte a So­flusa) não cor­res­pondeu às ex­pec­ta­tivas dos sin­di­catos, de­pois de estes terem apre­sen­tado uma pro­posta comum para ne­go­ci­ação.

Com uma adesão su­pe­rior a 70 por cento, es­ti­veram em greve nos dias 4 e 5 os tra­ba­lha­dores da Scot­turb, que re­jeitam o corte no valor do tra­balho su­ple­mentar e exigem a ne­go­ci­ação do AE. No pri­meiro dia, re­a­lizou-se um ple­nário frente à sede da em­presa, na Adroana (Cas­cais), com a par­ti­ci­pação de Ar­ménio Carlos. Também em so­li­da­ri­e­dade, es­teve com os tra­ba­lha­dores, du­rante a ma­dru­gada, o ve­re­ador co­mu­nista Pedro Ven­tura, da CM de Sintra. Ao fim da manhã, o pes­soal da trans­por­ta­dora levou o seu pro­testo pre­ci­sa­mente até aos Paços deste con­celho, onde a trans­por­ta­dora ex­plora uma im­por­tante parte das suas car­reiras.

Na se­gunda-feira, contra o des­pe­di­mento ilegal de um tra­ba­lhador, que par­ti­cipou nos pi­quetes da greve de 3 de Ou­tubro, re­a­lizou-se uma con­cen­tração nas ime­di­a­ções do Hotel Fénix, do Grupo Imorey, onde ten­taram reunir com Jacob Ba­rata, que no sítio da DORL do PCP é iden­ti­fi­cado como ac­ci­o­nista comum. O de­pu­tado co­mu­nista Mi­guel Tiago, re­a­fir­mando a so­li­da­ri­e­dade do Par­tido, com­pro­meteu-se no local a le­vantar de novo o pro­blema na AR.




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