Má gestão suprime comboios
Até ao final de Outubro, foi negado aos trabalhadores o gozo de dias de férias, mas estes dias têm que ser concedidos até ao final do ano. «Por isso, diariamente, há falta de trabalhadores operacionais para assegurarem os serviços, ficando como alternativa a supressão de comboios», em especial nos serviços suburbanos e regional.
A explicação foi dada dia 6 pela Fectrans/CGTP-IN, que acusou a administração da CP de «aproveitar a greve ao trabalho extraordinário para justificar a supressão de comboios, que resulta da má gestão das férias dos trabalhadores».
Na CP, na CP Carga e na Refer, a greve abrange «o trabalho que excede o período normal de trabalho, o trabalho em dia de descanso semanal e em dia feriado», porque «há uma redução significativa do valor do pagamento do trabalho prestado nestes dias». A Fectrans sublinha que, de acordo com a lei, este trabalho pode até nem ser compensado em dinheiro, mas apenas com um tempo de descanso igual a metade das horas trabalhadas.
A greve «tem uma especial incidência nas áreas operacionais, que são aquelas onde, por falta dos trabalhadores necessários para assegurem a oferta, há um maior recurso ao trabalho extraordinário», mas a federação afirma que o efeito da luta «não implica a supressão de todas as circulações que temos verificado».
Em vez de assumir a má gestão e procurar resolver este conflito laboral, a administração da CP, com o apoio do Governo, opta por enganar a opinião pública, para aumentar a pressão sobre estes trabalhadores, que estão a ser roubados nas suas remunerações, tal como a generalidade dos trabalhadores portugueses. «As administrações das empresas ferroviárias, seguindo as orientações do Governo, optaram pela fuga à negociação, sustentando a sua posição numa eventual imperatividade da lei, que a Autoridade para as Condições do Trabalho já reconheceu não existir» – acusou a Fectrans.