Privatização da TAP

Mau serviço ao País

A mai­oria PSD/​CDS-PP e o PS chum­baram o pro­jecto de re­so­lução do PCP para a ces­sação de vi­gência do de­creto-lei que aprova a 3.ª e 4.ª fases da re­pri­va­ti­zação da TAP. Estas ini­ci­a­tivas e sua vo­tação, sexta-feira pas­sada, foram pre­ce­didas da apre­ci­ação par­la­mentar àquele di­ploma re­que­rida pelo PCP.

E foi para os tra­ba­lha­dores da TAP que o de­pu­tado co­mu­nista Bruno Dias di­rigiu as suas pri­meiras pa­la­vras, pa­la­vras so­li­dá­rias e de sau­dação por quem ao longo de dé­cadas fez da em­presa «uma com­pa­nhia aérea de ban­deira com pres­tígio e qua­li­dade de pri­meira linha a nível mun­dial no trans­porte aéreo, na ma­nu­tenção ae­ro­náu­tica, na as­sis­tência em es­cala», ao mesmo tempo que não re­ga­teou es­forços e sa­cri­fí­cios «na de­fesa da com­pa­nhia e na de­fesa do in­te­resse na­ci­onal».

Sobre a po­sição de PSD e CDS-PP, o par­la­mentar do PCP re­jeitou a re­cor­rente in­vo­cação se­gundo a qual este pro­cesso de pri­va­ti­zação é ine­vi­tável, dada a si­tu­ação do País e a ne­ces­si­dade de re­ca­pi­ta­lizar a em­presa.

Essa foi a tó­nica posta nas in­ter­ven­ções de Paulo Bap­tista Santos (PSD) e Hélder Amaral (CDS), re­to­mada ainda com maior ên­fase pelo se­cre­tário de Es­tado das Obras Pú­blicas, Trans­portes e Co­mu­ni­ca­ções.

«Re­ca­pi­ta­lizar é muito im­por­tante porque hoje o Es­tado não o pode fazer por im­pe­ra­tivos co­mu­ni­tá­rios», sa­li­entou Sérgio Silva Mon­teiro, in­sis­tindo em que «é muito im­por­tante porque só dessa forma é que a TAP po­derá co­brir mer­cados como o Médio e o Ex­tremo Ori­ente, mer­cados cada vez mais im­por­tantes nas nossas rotas de ne­gócio e tu­rismo».

Op­ções de­sas­trosas

«É a mesma con­versa ou­vida na al­tura em que se apre­sen­tava como ine­vi­tável a venda da com­pa­nhia aos suíços», con­trapôs Bruno Dias, as­si­na­lando que também na al­tura houve quem dis­sesse que se não fosse ven­dida à Swis­sair a TAP aca­baria.

«Ora foi por ter con­ti­nuado em mãos pú­blicas, sob con­trolo do Es­tado, que a TAP se man­teve e é hoje um dos mai­ores senão o maior ex­por­tador na­ci­onal», des­tacou o de­pu­tado do PCP.

Também o ar­gu­mento de que é im­por­tante en­con­trar par­ceiro es­tra­té­gico para trazer co­nhe­ci­mento e know how foi con­tes­tado pela ban­cada co­mu­nista. Re­cor­dada a este pro­pó­sito foi a pri­va­ti­zação da as­sis­tência em es­cala da TAP (han­dling) le­vada a cabo pelo go­verno an­te­rior, opção de­sas­trosa como veio a com­provar-se e que obrigou a em­presa a re­ad­quirir o han­dling que tinha sido pas­sado para as mãos es­pa­nholas da Glo­bália, «os tais par­ceiros es­tra­té­gicos que vi­nham cá en­sinar como é que se fazia».

Bruno Dias tratou de re­alçar que esta é a ex­pe­ri­ência con­creta que temos no nosso País e que des­mente à par­tida os dis­cursos do PSD e do CDS-PP.

Quanto ao PS (que apre­sentou um pro­jecto de re­so­lução não para re­vogar a pri­va­ti­zação mas para a «sus­pender»), as­sistiu-se, uma vez mais, ao seu dis­curso am­bi­va­lente, di­zendo que a pri­va­ti­zação é boa mas não exac­ta­mente nestes termos, que o Go­verno está a ir muito de­pressa, que «a TAP é do País e não do Go­verno» e coisa e tal...

Ora, como foi dito, para que a TAP seja do País é fun­da­mental que con­tinue em mãos pú­blicas.

E a quem diz que é pre­ciso ir buscar di­nheiro, res­pondeu ainda Bruno Dias su­bli­nhando que «é com a TAP na es­fera pú­blica que se vai buscar di­nheiro, nas ex­por­ta­ções, nas con­tri­bui­ções para a se­gu­rança so­cial, no IRS, na ri­queza ge­rada, ao ser­viço do povo e do País».

E por isso, con­cluiu, «pri­va­tizar é uma me­dida de des­truição da eco­nomia e até da so­be­rania na­ci­onal».



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