Braga sabe o valor da luta
As propostas e reivindicações saídas do 8.º Congresso da US Braga ganham mais força por estarem assentes numa história de lutas que, sendo difíceis, conseguiram ser vitoriosas.
O PSD, que há um ano plagiou propostas da USB, devia pô-las em prática
Na intervenção de abertura do congresso – perante os mais de duzentos delegados que, no auditório do Instituto da Juventude, representaram 21 sindicatos e as organizações autónomas da CGTP-IN no distrito (Interjovem e Inter-Reformados) – Adão Mendes lembrou precisamente que «a vida e a luta no distrito ensina-nos que, com dedicação e capacidade de entrega, envolvimento dos coletivos e unidade na ação, nós somos capazes de tornar possível o impossível». O coordenador da USB, que neste congresso cessou funções, depois de três décadas com responsabilidades de direcção na Intersindical distrital e nacional, citou alguns casos concretos: «Foi assim com aqueles que queriam partir a espinha à CGTP-IN; foi assim na luta das 40 horas e pelo fim do trabalho ao sábado; foi assim na luta contra a Lei 187/2007, que devolveu o cálculo justo da reforma e centenas de euros a milhares de reformados; foi assim na luta contra a exploração do trabalho infantil; foi assim na luta pela defesa e pelo desenvolvimento do Vale do Ave; foi assim que derrotámos aqueles que insistiram em meter na prisão dirigentes sindicais do distrito».
A resolução principal aprovada no congresso, intitulada «Por uma região desenvolvida, solidária e soberana», responsabiliza pelo empobrecimento do distrito «as políticas de sucessivos governos, que tiveram como consequência o agravamento das políticas de austeridade recessiva». Mas a USB contrapõe que há «todas as potencialidades para ser uma região de sucesso» e declara que «não nos resignamos, nem aceitamos passivamente as políticas de destruição e de retrocesso civilizacional».
Reclamando medidas urgentes para a defesa do sector produtivo, a união apresenta trinta propostas, alinhadas em três áreas: uma estratégia para o desenvolvimento produtivo do distrito, o apoio urgente ao sector da construção civil e a promoção da competitividade e do crescimento. Das propostas, mereceram destaque: um programa de industrialização da região; o reforço do investimento público na recuperação das infraestruturas existentes; a redução dos custos de energia, comunicações e transportes; a abolição das portagens nas SCUT e autoestradas; o desassoreamento da barra de Esposende; o desenvolvimento da agricultura e o combate à grave situação dos produtores de leite, de carne e de vinho; investimento e apoio à inovação, marca, design e valor acrescentado; a recuperação da marca turística Minho.
Na intervenção de abertura, publicada no site da US Braga, Adão Mendes recordou que, ao longo dos anos, as propostas do movimento sindical unitário não foram contrariadas por organizações ou pessoas responsáveis e conhecedoras, «antes pelo contrário, foram usadas por alguns políticos, quando deu jeito para angariar votos e chegar ao poder, só que depois esqueceram». Desafiou, a propósito, a que se faça a comparação entre os documentos da USB e as propostas que o PSD apresentou no distrito para criação de emprego, apresentadas há um ano, na campanha eleitoral. «Não temos ciúmes do plágio, mas não ficava mal serem honestos e, já agora, que as pusessem em prática», comentou.
Mais força
Nas resoluções e moções aprovadas – compromisso sindical de luta, reforço da organização sindical nos locais de trabalho, defesa dos serviços públicos, aumento imediato do salário mínimo nacional para 515 euros – inclui-se a meta de 20 mil novas sindicalizações nos próximos quatro anos. Para este período, foi aprovado um programa de acção e foi eleita a direcção da USB.
Na intervenção de encerramento, o secretário-geral da CGTP-IN realçou o papel da estrutura sindical distrital, como a organização social mais interventiva na região. Arménio Carlos valorizou as decisões aprovadas para dar mais força aos sindicatos e reforçou o apelo à participação dos trabalhadores nas próximas lutas, com destaque para a manifestação de 9 de Junho, no Porto.
Abordando a situação nacional, defendeu um combate cerrado à economia paralela, que representará cerca de 25 por cento. Se lhe fossem cobrados impostos, haveria uma receita de 15 mil milhões de euros. Quem não pode suportar mais impostos são os trabalhadores, enquanto grandes accionistas, que até se pronunciam publicamente como adeptos da «responsabilidade social», manobram por várias formas para pagarem o menos possível.