O deputado comunista Miguel Tiago considerou anteontem «absolutamente inaceitáveis» as declarações do alto responsável da Comissão Europeia Peter Weiss que apontavam para o fim definitivo dos subsídos de férias e de Natal dos trabalhadores portugueses. Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o deputado lembrou que o PCP alertou no devido tempo para o perigo de medidas de «austeridade» anunciadas como temporárias tenderem a tornar-se permanentes.

O responsável da Comissão, que integra a «missão» da troika no País, garantiu que a medida «ainda não foi discutida», mas nem por isso deixou de dizer que «teremos de ver se se tornará permanente ou não».

Para Miguel Tiago, estas declarações podem ainda significar uma «tentativa de abrir as portas ao alargamento da aplicação desta medida no sector privado», o que revela bem o «verdadeiro carácter deste pacto de agressão sobre os portugueses, este pacto das troikas que visa, no essencial, castigar os do costume». O deputado comunista considerou ainda intolerável o «corte em salário algum num País em que os salários já são tão baixos».

«Particularmente gritante e grave» é ainda o facto de estas declarações terem sido proferidas no exacto dia em que foi conhecido o valor das remunerações auferidas por exemplo no Conselho Executivo da PT, de seis milhões de euros. Perante isto, a preocupação de Bruxelas é com os «salários médios dos portugueses que ainda têm direito a auferir o subsídio de férias e o subsídio de Natal», realçou Miguel Tiago.

O PCP combaterá a transposição dessas medidas para a legislação nacional, independentemente de constarem ou não do pacto de agressão, garantiu o deputado comunista, lembrando que o Partido fez exactamente o mesmo aquando da suspensão dos subsídios aos trabalhadores da Administração Pública e do sector empresarial do Estado, bem como aos pensionistas.

Entretanto, o ministro das Finanças e várias outras vozes do PSD e do Governo negaram a possibilidade de eliminação permanente dos subsídios.