Madeira e Açores
A adesão à greve por parte dos trabalhadores da Madeira foi «superior» à da última paralisação. A afirmação é de Álvaro Silva, coordenador da União dos Sindicatos da Madeira (USAM), em declarações à imprensa após a realização de um plenário que reuniu dezenas de trabalhadores junto à estátua de João Gonçalves Zarco, que aprovaram por unanimidade e aclamação uma moção que foi depois entregue na Presidência do Governo Regional (Quinta Vigia).
O aumento da participação ficou a dever-se ao setor privado, segundo aquele responsável, que estimou em 27,5 por cento a adesão à paralisação na Madeira e realçou o contributo de sectores como os serviços, a hotelaria ou a construção civil.
Já no sector público, e apesar de não ter havido encerramento de serviços, foi notória a dificuldade de funcionamento em áreas como a saúde e educação, centros de saúde, hospitais e nas próprias secretarias do Governo Regional, em que se registou «muita adesão em diversos setores».
De registar ainda que, no respeitante ao aeroporto, e não obstante as manobras por parte das chefias, aquela infra-estrutura esteve encerrada durante a noite e parte da manhã e os voos foram reprogramados.
Encerrado esteve o porto do Caniçal, enquanto no sector dos correios, a nível de distribuição, se registou uma boa adesão, o mesmo acontecendo no sector da limpeza, vigilância, serviços e construção civil. Quanto ao sector dos transportes – que funcionaram – , Álvaro Silva fez questão de manifestar a sua solidariedade para com os trabalhadores da Horários do Funchal, que nestes dias foram confrontados com o anúncio da privatização da empresa.
Como enfatizou Álvaro Silva, «a luta não começou hoje, nem acaba hoje». «Estamos na disposição de muito mais lutas para que este Governo e os que vêm a seguir mudem atitudes e governem em prol dos trabalhadores e não das clientelas dos grandes grupos económicos», disse.
Açores
A greve no Açores afectou o funcionamento de vários serviços municipais, nomeadamente nas câmaras de Ponta Delgada e Ribeira Grande, em S. Miguel, e na Câmara das Lajes do Pico.
Segundo Graça Silva, coordenadora regional da CGTP, o impacto da greve fez-se igualmente sentir no funcionamento dos três hospitais dos Açores, sendo de sublinhar a paralisação de cerca de 70 por cento dos enfermeiros no turno da manhã.
Houve também uma «adesão significativa» por parte de trabalhadores de empresas que asseguram serviços de limpeza a unidades de saúde e a centros comerciais, informou a dirigente sindical.
Outra das consequências visíveis da greve nos Açores foi o encerramento de escolas do ensino básico e secundário nas ilhas de S. Miguel e Terceira, por falta de professores e auxiliares. A adesão dos docentes à greve ficou no entanto «aquém das expetativas» do Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA).
Em conferência de imprensa em Ponta Delgada, António Lucas, presidente do sindicato, considerou que os motivos para uma «adesão menos expressiva dos docentes, ao nível regional, podem ser encontrados na rapidez e na brutalidade das medidas do Governo da República, que parecem ter provocado uma certa letargia que encontramos, por vezes, nas pessoas que sobrevivem a catástrofes naturais». Recorde-se que a perda de rendimentos decorrente das medidas impostas pelo executivo nacional pode corresponder a um terço dos proveitos anuais dos professores.