Portalegre, Évora e Beja

Forte resposta no Alentejo

«Os trabalhadores mostraram determinação e coragem»

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Com um nível de adesão semelhante ao registados nas greves gerais de 24 de Novembro de 2010 e 2011, os trabalhadores dos distritos de Portalegre, Évora e Beja deram um forte resposta à ofensiva contra os seus direitos laborais, económicos e sociais, imposta pela troika.

No distrito de Portalegre, a greve geral realizada faz hoje uma semana constituiu mesmo uma «enorme vitória», já que cerca de 70 a 75 por cento do total dos trabalhadores aderiram à paralisação convocada pela CGTP-IN, considerou Diogo Júlio em declarações à Lusa e à Rádio Portalegre às primeiras horas da greve.

Para o coordenador da União de Sindicatos do Norte Alentejano (USNA/CGTP-IN) «os números em cada um dos sectores estiveram muito próximos dos da última greve [24 Novembro 2011]».

As paralisações totais na Manufactura de Tapeçarias de Portalegre e na recolha de resíduos sólidos urbanos de seis concelhos do distrito – Crato, Nisa, Avis, Campo Maior, Fronteira e Ponte de Sor – são exemplos de participação dos trabalhadores na greve geral, notou, por seu lado, a comissão executiva da USNA/CGTP-IN em comunicado.

Outros exemplos de forte adesão à jornada de luta foram observados nos estaleiros da Câmara Municipal de Campo Maior (100 por cento), nos sectores operários e administrativos da Câmara Municipal de Avis, e nas unidades hospitalares de Portalegre e Elvas, com níveis de adesão na ordem dos 80 por cento entre o pessoal técnico em ambos os casos, e de mais de metade dos enfermeiros no Hospital de Portalegre.

Segundo dados divulgados na página da CGTP-IN e no sítio do PCP na Internet, adesões à greve superiores a 50 por cento foram ainda registadas na Junta de Freguesia das Galveias e na Câmara Municipal de Ponte de Sor, no Lar Júlio Alcântara Botelho, em Elvas, e nos serviço diurno de recolha de lixo da Câmara Municipal de Estremoz.

No Ensino, a participação de docentes e não-docentes foi qualificada por Diogo Júlio como significativa.

No dia 22, a USNA promoveu tribunas públicas em Portalegre e Avis, donde saudou todos os que «com grande determinação e confiança na luta aderiram à greve geral e travam combates vigorosos contra o programa de agressão do Governo do PSD-CDS/PP; contra o encerramento das empresas, pela defesa dos postos de trabalho, pelo pagamento de salários em atraso e pelo aumento dos salários; contra a revisão da legislação laboral, em defesa dos direitos e dos serviços e funções sociais do Estado; contra as arbitrariedades e a exploração capitalista».


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Grande adesão
 

Um resposta «determinada e, em muitos casos, corajosa, rejeitando este pacto de agressão», foi como qualificou Valter Lóios a adesão dos trabalhadores do distrito de Évora à greve geral.

Em todos concelhos, o cenário observado na quinta-feira, 22 de Março, foi de serviços administrativos e estaleiros camarários ou encerrados ou a funcionarem a meio gás; recolha de lixo adiada 24 horas em toda a região; escolas encerradas e paralisação absoluta nos transporte ferroviário, sintetizou ainda o coordenador da União de Sindicatos do Distrito de Évora (USDE/CGTP-IN) ouvido pela Diana FM e pela Lusa.

Com efeito, foi no sector público que a paralisação teve maior expressão no distrito, com os serviços das autarquias de Arraiolos e Vendas Novas completamente encerrados, e as câmaras municipais do Alandroal, Évora, Redondo, Montemor-o-Novo sem recolha de resíduos sólidos, de acordo com dados divulgados pela CGTP-IN.

Nas câmaras municipais de Évora e Borba os serviços técnicos e administrativos e a recolha de lixo (turno das 06h00) mostram adesões superiores a 75 e 60 por cento, respectivamente.

No Hospital de Évora, 40 por cento dos enfermeiros paralisaram durante o primeiro turno da noite, e no Ensino muitas foram as escolas que estiveram encerradas, a começar pelos serviços de acção social, cantinas e bares da Universidade.

Neste sector, nos concelhos de Évora, Montemor-o-Novo e Mourão, encerraram ainda 12 escolas de diversos graus de ensino, um jardim de infância e um colégio, informou ainda a USDE/CGTP-IN em nota divulgada aos órgãos de comunicação social, ou seja, estiveram fechados «mais [estabelecimentos] do que na greve geral anterior», sublinhou, pela sua parte, a Direcção da Organização Regional de Évora do PCP (DOREV).

Expressão também no privado

No comunicado de balanço da paralisação, a DOREV salientou igualmente a expressiva participação dos trabalhadores do sector privado, adiantando como exemplos o encerramento da laboração devido a adesões de 100 por cento na Metalonicho e na Figueiras, empresas dos sectores metalúrgico e da construção civil situadas em Arraiolos, e na RTS, cerâmica que labora no concelho de Montemor-o-Novo.

«O sector dos mármores teve 40 por cento de adesão, e no comércio encerraram quatro superfícies» no distrito, informa ainda a DOREV, para quem a participação de mais de duas mil pessoas na manifestação realizada em Évora, na tarde de quinta-feira, ilustra, uma vez mais, a disponibilidade para «continuar a luta contra a política de austeridade que está a ser imposta aos trabalhadores, aos desempregados, aos mais desfavorecidos pelo FMI/UE/BCE e pelo Governo PSD/CDS-PP».
 

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Momento alto da luta

Tal como nos distritos de Évora e Portalegre, e em resultado de 36 anos de contra-revolução, também no distrito de Beja o sector público é o maior empregador, não sendo por isso estranho que a greve geral tenha tido particular incidência nos serviços da administração local e central, e nos sectores do Ensino, Saúde e Transportes.

Neste última sector, adiantou Casimiro Santos, coordenador da União de Sindicatos de Beja (USB/CGTP-IN), desta vez os trabalhadores da Rodoviária participaram de forma significativa, o que motivou a supressão de algumas carreiras urbanas e interurbanas, disse à Lusa e ao Correio do Alentejo.

Quanto às autarquias, Vasco Santana, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local, destacou o encerramento de todos os serviços nos municípios de Alvito e Serpa e o encerramento de várias juntas de freguesia no distrito; adesões à greve geral superiores a 80 por cento nas câmaras de Castro Verde (87 por cento), Moura (82 por cento) e Aljustrel (88 por cento), e a ausência de recolha de lixo nos concelhos de Aljustrel, Alvito, Beja e Serpa.

Para além de várias escolas encerradas ou sem condições para darem aulas no distrito, de acordo com dados confirmados pelo Sindicato dos Professores da Zona Sul à Lusa, na área da Saúde destaca-se a adesão de, em média, metade dos enfermeiros nos turnos da noite e manhã nos hospitais de Beja e Serpa, e o encerramento de duas das quarto salas do bloco operatório do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja.

Na cidade de Beja, estiveram igualmente paralisados ou fortemente constrangidos os serviços da Assembleia Distrital (100 por cento de adesão), os CTT (85 por cento) e a Empresa Municipal de Água e Saneamento (58 por cento).

Os postos dos correios em Aljustrel, Ferreira do Alentejo e Moura, e a Segurança Social em Moura registaram níveis de participação dos funcionários na greve entre os 64 e os 100 por cento.

Com a greve geral, estiveram também os trabalhadores da Metalomecânica Projectos Industriais (MPI), de Beja. A empresa deve aos trabalhadores salários e subsídios, e estes encontram-se desde terça-feira, dia 20, em luta.

No dia 22, tal como outros trabalhadores do público e do privado no distrito, os operários da MPI participaram no que a Direcção da Organização Regional do Alentejo do PCP chamou de «momento alto da luta», no qual «os trabalhadores do distrito souberam estar à altura».



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