Produtores reclamam medidas urgentes
Centenas de produtores transmontanos de bovinos, ovinos e caprinos aprovaram, dia 8, em Mirandela, por unanimidade, um documento – dirigido ao Presidente da República, à ministra da Agricultura, do Ambiente e do Ordenamento do Território, e ao director da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) - onde se reclama «medidas urgentes do Governo» para acudir «aos problemas gerais da agricultura».
Ali, os produtores alertaram para as «dificuldades do escoamento a preços compensadores dos principais produtos agrícolas da região», para os «aumentos dos principais factores de produção», para as «dificuldades na obtenção de apoio financeiro às explorações agrícolas familiares, com taxas de juro incomportáveis à actividade agrícola» e para o «encerramento de feiras e mercados tradicionais, matadouros concelhios e silos».
Em sua substituição, criticam os agricultores, «surgiram, por toda a região, grandes superfícies comerciais, incentivadas pelos diferentes governos, mas também pelas câmaras municipais, sem a obrigatoriedade de comercializarem qualquer quota de produtos regionais», que «marginalizam nas suas prateleiras os produtos da agricultura familiar regional», liquidam «o pequeno comércio tradicional» e desregulam «os mercados e a comercialização de bens agro-alimentares, com a promoção de importações desnecessárias e o esmagamento da produção regional».
No documento, enviado ainda aos grupos parlamentares dos diferentes partidos, os produtores transmontanos manifestam ainda a sua preocupação com as questões de sanidade animal nos ovinos, caprinos e bovinos, e com os efeitos nefastos do prolongamento da seca nas culturas de Outono/Inverno, assim como nos pastos, fenos e alimentação animal. «São conhecidas as dívidas vencidas e não pagas às Organizações de Produtores Pecuários (OPP) da região e do País, pelo actual Governo. Só na DRAPN, até Julho de 2011, atingiram mais de dois milhões de euros e no País ascendem a mais de quatro milhões. Isto não contando com o último semestre de 2011 e o trimestre de 2012», referem estes produtores, que, sobre a seca, repudiam «o tom com que a responsável da pasta da Agricultura do Governo se permitiu, numa altura de aflição de milhares de agricultores, ao afirmar que tinha fé que chovesse». «O que se espera que a ministra anunciasse eram medidas concretas, quer no plano nacional, quer com propostas ao nível da União Europeia», acrescentam.
Este protesto foi promovido pela Federação das Associações Agro-Florestais Transmontanas, pela Associação dos Pastores Transmontanos, pela Associação Distrital dos Agricultores de Bragança, pela Associação de Desenvolvimento Agrícola Rural do Douro e pela Associação de Agricultores de Valpaços, com o apoio da Confederação Nacional da Agricultura.