Desemprego sem respostas

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Essencial para evitar que o desemprego alastre é travar a destruição de postos de trabalho. Perante a resistência e a luta dos trabalhadores e das suas organizações, o Governo não dá a resposta concreta que se exige.

Apenas a luta dos trabalhadores e o forte apoio da população tem evitado o encerramento dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Trabalho até existe, destacando-se o que está contratado com a PDVSA, mas o Governo não encontrou ainda forma de atribuir aos ENVC três ou quatro milhões de euros que são necessários para adquirir aço e motores no imediato e, assim, assegurar um contrato que vale 128 milhões de euros e representa estabilidade e trabalho por três anos.

Em Vila Nova de Famalicão houve esta segunda-feira 90 trabalhadores que cumpriram a jornada de trabalho à porta da empresa. A fábrica de confecções Fersoni, depois de impor uma semana de férias, no Carnaval, não reabriu as portas. Uma dirigente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes disse à agência Lusa que estão por pagar o subsídio de Natal e os salários de Janeiro.

Também na segunda-feira, o SITE CSRA revelou que a Caetano Auto decidiu avançar, de forma ilegal, com um despedimento colectivo de 37 trabalhadores. O sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN admite que a empresa do Grupo Salvador Caetano pretende, através de rescisões «por mútuo acordo», continuar a despedir sem pagar o valor mínimo da indemnização.

O banco Barclays anunciou na primeira segunda-feira de Fevereiro um «programa de rescisões amigáveis», até meados de Março. À agência Lusa o banco não adiantou quantos dos seus 2500 trabalhadores pretende despedir, mas deixou a ameaça de «recorrer a outras medidas» se o seu objectivo não for atingido pela via «amigável».

A insolvência da última empresa de transformação de granitos, em laboração no distrito de Portalegre, colocou no desemprego 20 trabalhadores. A 13 de Fevereiro, Diogo Júlio, coordenador da União dos Sindicatos do Norte Alentejano, da CGTP-IN, disse à Lusa que a Granisan, de Nisa, tinha uma dívida superior a dois milhões de euros, mas tem muito mais a receber de clientes.

A Troiaverde, do Grupo Sonae Turismo, avançou com um despedimento colectivo de dez trabalhadores, que a Fesaht/CGTP-IN e a CT da empresa consideram «uma medida injusta e desnecessária, que não vai resolver as dificuldades financeiras, vai gerar mais desemprego e desestabilizar a vida dos trabalhadores», como referem no comunicado conjunto, divulgado a 6 de Fevereiro.

Depois dos jornais Sol e Semanário Económico, no final de Janeiro, o Sindicato dos Jornalistas insurgiu-se na semana passada contra despedimentos na TSF, sob a capa de rescisões «por mútuo acordo». Anteontem, o SJ expressou preocupações com a situação laboral na Impala, que ainda não tinha acabado de pagar os salários de Janeiro, e na Workmedia, que continua sem pagar os subsídios de férias e de Natal de 2011

Em Santarém o Governo deixou sem resposta o apelo da União dos Sindicatos do distrito, que no final de Janeiro foi ao Ministério da Economia exigir uma intervenção concreta para evitar o encerramento da Tegael (400 trabalhadores, em Coruche) e da Unicer (133 trabalhadores, em Santarém). No mesmo distrito foi anunciado no início de Fevereiro o encerramento da Martifer (Benavente, 120 trabalhadores) e da produção da Citaves (Tomar, 90 trabalhadores).



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