Mãos livres para despedir na construção

«Urge travar despedimentos colectivos mascarados de falsas “rescisões amigáveis” imediatas», avisou, a 30 de Janeiro, a Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro. Lembrando que a crise que o sector da construção atravessa não é culpa dos trabalhadores, a federação da CGTP-IN repudiou, em comunicado, a pretensão patronal, apresentada ao Governo, de declarar o sector da construção «em reestruturação», para poder alargar as quotas de rescisões «por mútuo acordo» e permitir mais despedimentos, com maior celeridade. Salientando que «o futuro passa pelo emprego com direitos e não por despedimentos rápidos e em massa», a federação acusou o patronato do sector de pretender despedir, sem necessitar de obedecer a critérios de fundamentação, audição e a prazos que os processos de despedimento colectivo exigem.

Prevendo uma perda de 130 mil postos de trabalho neste sector até ao fim deste ano, o Sindicato da Construção de Portugal culpou, dia 2, o Governo «pelos milhares de portugueses que vão ser escravos» emigrando.

Em conferência de imprensa, Albano Ribeiro, presidente do sindicato e dirigente da CGTP-IN, apresentou propostas alternativas aos despedimentos, defendendo designadamente, investimentos na requalificação de redes de saneamento básico, em estradas secundárias e uma requalificação habitacional, que resultariam na criação de 30 mil, 40 mil e 60 mil postos de trabalho, respectivamente.

Em Portalegre, a Sensapor iniciou, segunda-feira, um lay-off abrangendo 30 trabalhadores, argumentando falta de trabalho decorrente da suspensão de obras pelos municípios, revelou à Lusa, Diogo Júlio, da União dos Sindicatos do Norte Alentejano.

 

Jornalistas

 

O Sindicato dos Jornalistas repudiou, em comunicados, despedimentos anunciados no Diário Económico e no semanário Sol. No dia 25 de Janeiro, o SJ condenou as propostas de rescisão de contratos, «ditas de mútuo acordo», feitas a jornalistas do Diário Económico, por as considerar ofensivas da dignidade dos trabalhadores. O jornal pertence ao Grupo Ongoing, que deve servir de suporte financeiro às actividades das publicações em dificuldades e integrar os trabalhadores em postos de trabalho compatíveis, considerou o sindicato.

No Sol, os trabalhadores começaram a receber propostas de rescisão semelhantes, no dia 26. A sociedade Newshold, detentora do semanário, tem posições significativas no Grupo Cofina, detentor de outros títulos, motivo que levou o SJ a desafiar a administração a discutir alternativas a estes despedimentos.



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