Forte adesão às greves nos transportes

Na via para novas lutas

As greves de dia 2 tiveram adesão total no Metro de Lisboa, na Transtejo e na Soflusa, enquanto na CP Carga e na STCP o nível de participação dos trabalhadores superou os 90 por cento.

O próximo destino é o Terreiro do Paço, este sábado

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A informação foi divulgada ao início da tarde daquela quinta-feira, pela Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações – que, em conjunto com outras organizações representativas dos trabalhadores, promoveu mais esta jornada contra as medidas que o Governo incluiu no Orçamento do Estado para 2012 e no «Plano Estratégico de Transportes».

Na Carris e na Refer, a adesão à greve situou-se nos 50 por cento, referiu ainda a Fectrans/CGTP-IN, acrescentando que «foi mais diminuta na CP, onde a administração recorreu aos expedientes habituais e ilegais de aliciamento e substituição de trabalhadores em greve». Este comportamento, assinalou a federação, «originou o encerramento de muitos serviços, nomeadamente postos de venda de bilhetes».

Houve diversos casos em que «os trabalhadores foram surpreendidos com fortes dispositivos policiais, logo ao início da noite», e no Porto e no Barreiro a força policial chegou a ser accionada, para impedir a acção legal de piquetes de greve.

No âmbito desta luta, os trabalhadores do Porto de Lisboa reuniram-se em plenário, das 8 às 12 horas, informou ainda a Fectrans.

Para o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, a luta de dia 2 «representa mais uma forte resposta de quem trabalha» à política do Governo para o sector e ao «acordo tripartido». Na saudação que distribuiu sexta-feira e que contém um renovado apelo à participação na manifestação nacional deste sábado, no Terreiro do Paço, o SNTSF/CGTP-IN destaca os plenários realizados, durante a greve, na EMEF: no Entroncamento, os trabalhadores foram, em desfile, entregar uma resolução na Câmara Municipal; no Barreiro, uma acção semelhante teve por destino a Câmara e o Centro de Emprego; em Lisboa, um plenário em Campolide (também com pessoal de Oeiras e de Santa Apolónia) terminou com uma ocupação simbólica da via; no Porto, trabalhadores de Guifões e de Contumil manifestaram-se frente à delegação regional do Ministério da Economia.

O sindicato salienta ainda que a forte adesão à greve na CP Carga obrigou à supressão do comboio de jet-fuel, que fora contemplado na imposição de serviços mínimos. A adesão total na Soflusa (tal como na Transtejo) repetiu o que já tinha ocorrido no dia 30 de Janeiro. Apesar das manobras e pressões da administração da CP, houve supressão de comboios na Linha do Sado, desde as 22 horas de dia 1 até ao período da manhã de dia 2.

Persistindo em fortalecer a unidade na acção, o SNTSF, a Fectrans e demais organizações que convocaram a luta de dia 2 marcaram para anteontem, à tarde, uma reunião onde iriam analisar o desenvolvimento de futuras iniciativas.

 

Despedimentos

 

A redução de serviços e a liquidação de postos de trabalho são objectivos declarados do Governo para as empresas públicas de transportes, com vista a entregá-las aos grupos privados. Mas a eliminação de emprego teve já resultados visíveis em 2011, segundo apurou a agência Lusa, a partir de informações das administrações. Ocorreram durante o ano passado quase 1200 saídas, muitas delas com rescisões «por mútuo acordo»: 82 no Metropolitano de Lisboa, 200 na CP, 190 na STCP, 23 na Transtejo e Soflusa, 142 na Carris (de onde saíram 2521 trabalhadores desde 2002) e 561 na Refer.


As contas de Monteiro

 

Na véspera das greves de 2 de Fevereiro, o secretário de Estado dos Transportes declarou que, com esta luta, haveria um prejuízo de 150 milhões de euros. Reagindo a tal afirmação, a Fectrans clamou que «a demagogia tem limites» e convidou a que fosse feito outro cálculo: a ser tomado por válido aquele «prejuízo», «estas empresas públicas produziam uma riqueza de 54 mil milhões de euros por ano, valor equivalente a 30 por cento do PIB», e ainda mais se justificaria que o governante fizesse tudo para evitar a greve... «Mas nem sequer se dignou responder ao pedido de reunião formulado por 28 organizações de trabalhadores», criticou a federação.

Outras contas foram referidas por Sérgio Monteiro no dia 2, na comissão parlamentar de Economia e Finanças. Disse aí o secretário de Estado que o Governo estima que as medidas de reestruturação dos transportes, na zona de Lisboa, tenham um impacto de 110 milhões de euros por ano: 85 milhões, em redução de despesas, e 25 milhões, por acréscimo de receita.

Afinal, a acreditar em tais contas, a infernização de tantas centenas de milhares de utentes dos comboios, autocarros, eléctricos e barcos na capital vai ter durante um ano um resultado inferior ao valor de um dia de laboração do sector!



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