Estatuto dos deputados

Não à promiscuidade

O PCP defende o aperfeiçoamento do estatuto dos deputados, tendo em vista a necessidade de impedir a promiscuidade entre funções políticas e negócios privados.

Esta posição foi expressa em recente debate sobre um projecto de lei do BE relativo àquele estatuto, introduzindo-lhe novos impedimentos, que viria a ser chumbado com os votos contra da maioria PSD-CDS/PP, a abstenção do PS e os votos favoráveis das restantes bancadas.

Rejeição justificada por aqueles partidos de forma inconsistente, com Telmo Correia (CDS) a dizer que os impedimentos propostos são «claramente excessivos», enquanto o PSD, pela voz do deputado Sérgio Azevedo, via na iniciativa «mais uma castração do que uma solução».

Opinião em sentido contrário foi a do deputado comunista João Oliveira. Do seu ponto de vista, há fundadas razões para que se operem tais mudanças no plano das incompatibilidades e impedimentos, relacionadas com vários factores, desde a «credibilização da actividade política» até ao «reconhecimento e crédito dos cidadãos» face aos responsáveis políticos, passando pelas condições de exercício do mandato parlamentar.

Reafirmada foi também a ideia de que a actividade parlamentar deve ser exercida de forma «principal» pelo deputado e não em part-time, seja qual for a sua profissão. Tal como não deve estar «subordinada a qualquer outro tipo de interesse», nomeadamente de natureza económica ou de natureza privada. Nem subordinada à actuação de outros órgãos de soberania.

João Oliveira vincou bem estas diferenças que separam os partidos no que toca à configuração do estatuto dos deputados, mostrando-se por isso muito crítico quanto àqueles que «sacrificam o interesse nacional aos interesses de grupos económicos e financeiros e defendem uma política de subordinação do poder político ao económico».

Subordinação do poder político ao económico que, na opinião do deputado do PCP, é a questão central deste debate, ultrapassando mesmo o próprio estatuto dos deputados. Porque, explicou, prende-se com «decisões políticas concretas, com orientações concretas tomadas na AR». Que servem interesses também eles muito concretos e determinados, como mostra – e este foi um dos exemplos dados pelo parlamentar comunista o chumbo há uns meses pelo PS, PSD e CDS-PP de uma proposta do PCP para impedir que os grupos económicos distribuam antecipadamente os dividendos, fugindo assim aos impostos.

 



Mais artigos de: Assembleia da República

«Quem vai ser derrotado no futuro é o Governo»

«Um acordo onde alguns ganham muito mas a maioria perde em toda a linha». Assim resumiu o Secretário-geral do PCP o texto acordado pelo Governo, patrões e UGT, no qual, acusa, «não há uma medida para promover nem o crescimento nem o emprego» mas, ao invés, uma orientação clara para «aprofundar o modelo de crescimento assente nos baixos salários».

Nada que se aproveite

As reacções no Parlamento ao texto assinado por Governo, patrões e UGT na chamada concertação social não se fizeram esperar, com o deputado comunista Jorge Machado, logo no dia seguinte, a definir o acordo como «mais um empurrão para a injustiça e o desastre...

Espiral de aumentos não pára

O PCP condenou os cortes nos serviços de transportes e o aumento das tarifas, considerando que tais medidas representam um «abandono das populações» e um «roubo aos utentes».

Suspender e reflectir

A «suspensão imediata do processo de reorganização curricular», abrindo espaço a um «processo de reflexão e debate democrático amplo e alargado», constitui o objectivo de um projecto de resolução do Grupo Parlamentar do PCP entregue dia 18 na...

Asfixia à criação

O PCP reiterou o seu compromisso com a produção artística nacional, sublinhando que nunca como agora foi tão necessário agir em defesa da cultura, nomeadamente por parte dos que nela intervêm diariamente. «Numa altura de recessão...

Soluções desadequadas

PSD e CDS-PP, com a abstenção do PS, aprovaram na generalidade a proposta de lei do Governo que define as regras aplicáveis à assumpção de compromissos e aos pagamentos em atraso por parte do Estado. De acordo com o diploma, os serviços do Estado apenas poderão...

Direitos violados

Os deputados comunistas não subscreveram o pedido de fiscalização da constitucionalidade do Orçamento do Estado. Pese embora entenda que o documento é inconstitucional, a bancada do PCP discorda dos fundamentos apresentados pelos deputados do PS (e que estes revelaram...

Valorizar a cortiça

A menção no rótulo das garrafas de vinho do tipo de vedante nelas utilizado foi acolhida como uma medida positiva pelo PCP, que defende para o efeito a correspondente alteração regulamentar específica que permita essa inclusão. Esta questão esteve muito...

Sobreiro

No texto alusivo à elevação do sobreiro a «árvore nacional de Portugal», publicado no Avante! da passada semana, sob o título «Sobreiro – Defender e valorizar», atribuiu-se ao deputado Agostinho Lopes a intervenção proferida em plenário...