Alargar o movimento da paz
O reforço do movimento da paz em Portugal, promovendo uma ampla intervenção em defesa da Constituição da República Portuguesa, nomeadamente do seu artigo 7.º, foi um dos compromissos assumidos na XXII Assembleia da Paz, realizada no sábado.
O CPPC quer defender a Constituição da República Portuguesa
Com a participação de oitenta aderentes do Conselho Português para a Paz e Cooperação, a assembleia, realizada no magnífico Jardim de Inverno do Teatro Municipal de São Luís, em Lisboa, decidiu ainda como linhas de intervenção centrais para os próximos dois anos a «luta contra a guerra e o militarismo» e a «solidariedade e cooperação com todos os povos do mundo».
No que respeita à Constituição, o objectivo é não apenas mobilizar o movimento da paz contra uma possível revisão desfiguradora, mas também exigir que a prática política dos governos do País seja consonante com o seu espírito e letra. Passando a assumir, na sua política externa, posições em defesa da paz, da amizade e da cooperação entre os povos e não, como até aqui, alinhada com as posições belicistas da NATO, dos EUA e da União Europeia.
Na resolução aprovada por unanimidade no final dos trabalhos, denuncia-se a continuação das guerras de agressão e ocupação e alerta-se para as «sérias ameaças de novas agressões à Síria e o Irão, entre outros exemplos, que vão da Península da Coreia, passando por África – do Norte à subsaariana – até à América Latina». No mesmo documento chama-se a atenção para a «vertiginosa corrida aos armamentos, encabeçada pelos Estados Unidos da América». Num momento de intensa crise económica, afirma-se, esse país bateu «novos recordes no aumento do orçamento militar» que foi, este ano, o maior da história – estimado em 708 mil milhões de dólares. O orçamento militar dos países da NATO e do Japão, Austrália e Coreia do Sul, seus aliados, representam em conjunto 72 por cento do total mundial.
Denunciando a prossecução do processo de militarização da UE, a resolução destaca ainda a utilização do orçamento nacional para «financiar agressões militares da NATO contra outros povos». E conclui que «os grandes responsáveis pela agudização da situação económica e social mundial são os mesmos que, afinal, promovem a corrida aos armamentos, a militarização das relações internacionais, o desrespeito pela soberania dos povos e a guerra.
No plano de acção, igualmente aprovado por todos os aderentes presentes, destaca-se o reforço do CPPC, quer ao nível da melhoria do funcionamento dos seus órgão e da participação dos seus membros como na criação de núcleos e numa mais eficaz divulgação das suas posições e actividades.
A assembleia aprovou ainda seis moções: em defesa do artigo 7.º da Constituição, pelo prosseguimento da luta contra a NATO, contra a escalada de guerra do Médio Oriente, e em solidariedade com os povos de Cuba, do Saara Ocidental e da Palestina, defendendo neste último caso o seu reconhecimento como membro de pleno direito das Nações Unidas.
O CPPC sai ainda desta assembleia com novos órgãos sociais eleitos. Na direcção, profundamente renovada e rejuvenescida, salienta-se a eleição de Ilda Figueiredo para presidente.