Contra plano de privatizações
Cerca de 500 pessoas concentraram-se, quinta-feira, no Largo Camões, em Lisboa, em defesa do transporte público de qualidade.
Ali fez-se ainda um apelo à participação na greve geral de amanhã. «Os sucessivos governos têm promovido a degradação do serviço público de transportes, o que conduziu à redução da qualidade do serviço e prejudicou a mobilidade das populações. O actual Governo pretende ir mais longe, através da elaboração de um verdadeiro plano de privatizações, sob a capa de uma hipotética eficiência das empresas privadas», denunciaram as Comissões de Utentes dos Transportes de Lisboa, que condenam – depois do aumento dos bilhetes e do passe social, entre 15 e 25 por cento – a «nova fase de aumentos», prevista já para Janeiro, assim como a supressão, o encurtamento e a diminuição das carreiras da Carris (supressão de 23 carreiras e quatro serviços nocturnos, o encurtamento de percursos de 14 carreiras e a diminuição de seis horários).
O Executivo PSD/CDS quer ainda reduzir em duas horas, em quase toda a rede, o horário de funcionamento das linhas do Metropolitano de Lisboa, e fazer uma «pseudo-fusão entre a Carris e o Metropolitano de Lisboa, que visa, na realidade, a concessão das linhas e carreiras aos privados e despedir trabalhadores que diariamente asseguram um serviço público imprescindível à população de Lisboa e de quem cá trabalha».
De igual forma, a Transtejo deixaria de fazer a ligação entre Lisboa e Trafaria/Porto Brandão e a ligação ao Montijo fora das horas de ponta dos dias úteis, encerrando mais cedo o serviço e diminuindo ainda a frequência das ligações ao Barreiro durante os fins-de-semana.
Mais reduções em Odivelas e Camarate
Populações sem alternativa
Com a abstenção dos vereadores do PSD, a CDU fez aprovar, na última reunião de Câmara, em Odivelas, uma moção «Em defesa dos transportes públicos». Para além dos «brutais aumentos dos bilhetes e passes sociais», os eleitos do PCP contestam a redução do horário do Metropolitana de Lisboa e dos autocarros 36 e 724 da Carris, e a supressão do 206 e 205 (serviço nocturno).
Em Camarate, a Junta de Freguesia foi surpreendida com a supressão das carreiras 717, 207 e 701 da Carris. «As alternativas existentes são insuficientes, com horários desfasados das necessidades e de fraca qualidade, pelo que muitos milhares de pessoas serão obrigados a deslocar-se de transporte individual [caso o tenham] ou a pé, até ao local mais próximo onde haverá Carris», critica Arlindo Cardoso, presidente da Junta de Camarate, lembrando que «haverá um aumento das despesas com deslocações», numa Freguesia «já de si muito afectada pelo desemprego e com um elevado número de pessoas com graves situações económicas».