Mostra, mas o quê?

Francisco Mota

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Desde há uns anos entidades oficiais de Portugal (embaixada de Portugal, Instituto Camões) com a colaboração do café Delta, o consulado em Barcelona, a TAP e uma larga lista de patrocinadores espanhóis a começar no Ministério da Cultura, no Município de Madrid e mais umas entidades entre públicas e privadas, promovem umas jornadas culturais, a que chamam «Mostra Portuguesa». O programa não é desinteressante trazendo normalmente bons cantores, artistas plásticos, algum filme, alguma obra de teatro, gastronomia num dos sítios mais caros de Madrid, e literatura, esta com apresentação de livros e debates sobre a obra de algum escritor.

Este ano, para dia 10 de Novembro estava agendada a apresentação do livro de Baptista-Bastos «José Saramago. Un retrato apasionado», com a presença do autor (que faltou, por motivos de saúde), Pilar del Rio (viúva e tradutora de Saramago e deste livro) além dos cantores da esquerda suburbana Luis Pastor e Lourdes Guerra. Não parecia feio e muita gente da intelectualidade de esquerda, incluindo o ex-reitor da universidade complutense (a mais importante de Espanha) lá estavam. Portugueses, uns cinco ou dez no máximo.

O mais interessante é a apresentação de Baptista-Bastos, que aparece na página 32 do programa da Mostra. Traduzimos: «Armando Baptista-Bastos – considerado um dos escritores vivos mais importantes em língua portuguesa, trabalhou como jornalista em todos os grandes meios de comunicação do país vizinho: O Século, República, Europeu, O Diário, Época, Sábado e Diário Popular, onde permaneceu durante duas décadas. Além disso, foi correspondente da Agência France Press em Lisboa. Militante de esquerda, batalhador incansável contra a censura, a revolução dos cravos marcou a sua literatura e o seu carácter, primeiro, pelo entusiasmo com que os socialistas portugueses acolheram a sua revolução, depois, ao dissiparem-se as esperanças de justiça social que tinha albergado, caiu numa profunda desilusão que marcaria o resto da sua literatura».

Ao ler isto vemos pela primeira vez que a Revolução de Abril foi recebida com alegria só pelos socialistas. O resto do povo e o partido que lutou sempre contra o fascismo pelos vistos tinham ido tomar um café e não repararam na revolução.

Para terminar: estas coisas são pagas com dinheiro português, apesar da ajuda espanhola, e os primeiros a aparecer no folheto são o embaixador em Espanha, sr. Álvaro de Mendonça e Moura e o conselheiro cultural da embaixada sr. Luis Chaby Vaz a quem aconselhamos uma revisão urgente do que se passou antes e depois do 25 de Abril. Até quando teremos que aguentar estas coisinhas falsas que, citando o sr. Goebells, se se repetem mil vezes se transformam em realidade?

Ao Baptista-Bastos: não lhes perdoes porque sabem o que fazem.



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