Egípcios exigem saída da Junta militar
Pelo menos 16 mortos e centenas de feridos é o resultado da repressão policial, no fim-de-semana, contra as centenas de milhares de egípcios que na praça Tahir exigem o fim da ditadura militar.
O povo tenta resgatar para as ruas o centro da mudança no país
Três dias de manifestações nas principais cidades egípcias voltaram a colocar em cheque a Junta militar que assumiu o poder no Egipto após a revolta popular que derrubou o ditador Hosni Mubarack.
No Cairo, principalmente, mas também em Alexandria, Suez ou Ismailia, entre outras cidades, centenas de milhares de pessoas parecem dispostas a não arredar pé das praças públicas até que a cúpula militar transfira o poder para autoridades civis, isto apesar da brutal repressão movida pelas autoridades.
Na emblemática praça Tahir, o cenário é de uma batalha campal entre manifestantes e forças policiais e militares. A iraniana Press TV garante que pelo menos 16 pessoas já terão morrido nos confrontos desencadeados desde sexta-feira, quando o povo procurou reocupar o centro da capital egípcia e resgatar para as ruas o motor da mudança.
Granadas de gás lacrimogéneo, balas de borracha e cargas dos corpos antimotim são responsáveis pelo elevado número de vítimas mortais e pelas centenas de feridos que deram entrada nos hospitais entre sexta-feira e domingo, período agudo de uma nova revolta a que alguma comunicação social já chamou de Outono árabe.
Entre os populares, o marchal Hussein Tantawi, ministro da Defesa de Mubarack durante cerca de duas décadas, é o mais odiado. Mas outras figuras gradas da ditadura derrubada no início deste ano, desde militares a políticos que permanecem nos altos cargos dirigentes, são igualmente alvo da contestação.
A quase uma semana das eleições gerais, os egípcios temem que o sufrágio resulte na perpetuação do actual círculo do poder, e, mais grave ainda, que legitime uma Constituição onde o Conselho Superior das Forças Armadas mantenha na prática a tutela da vida política, económica e social do país.