Honduras

Calamidade social e política

O desemprego nas Honduras aumentou 7,67 por cento desde o início de 2010. Em 2012, o total de desempregados rondará os dois milhões de pessoas, informou o Instituto Nacional de Estatísticas.

O mesmo documento revela que a calamidade social no país é profunda, já que para além de 55 por cento da população activa se encontrar desocupada, metade destes são jovens com menos de 24 anos.

Os mesmos dados indicam que 36,3 por cento dos empregados, mais de um milhão e 100 mil pessoas, trabalham com vínculos precários ou a tempo parcial.

Catástrofe social é o que demonstra a situação em que vivem os camponeses. No Baixo Aguan, o movimento lançou a meio do mês de Novembro um apelo desesperado no qual denuncia a prolifegação de crimes, muitos dos quais cometidos pelos militares e a polícia ou com a sua conivência.

O Baixo Aguan encontra-se fortemente militarizado por ordem do presidente Porfírio Lobo, que argumentou com a necessidade de travar a onda de crimes e confrontos.

Mas foi precisamente após o reforço das unidades militares que a região registou um incremento da violência. Ainda recentemente, um grupo de familias foi brutalmente atacada à saída de um cemitério onde havia prestado homenagem aos mártires caídos na luta pela terra, exemplifica a organização camponesa do Baixo Aguan sem, no entanto, precisar o número de vítimas deste episódio.

De acordo com os últimos dados recolhidos por aquela estrutura, entre Setembro de 2009 e Outubro de 2011, foram assassinados 42 dirigentes ou militantes do movimento camponês. No mesmo período, foram intimidadas ou expulsas 3500 famílias residentes nas zonas dominadas por agrários ligados ao actual regime, como Miguel Facussé, Reynaldo Canales ou René Carazo. 160 camponeses estão acusados de participação em actos de defesa da terra ou de implementação da reforma agrária, projecto para o qual, assinale-se, existe cobertura legal e objectivos concretos.

Neste contexto, a organização camponesa hondurenha concluiu no apelo público que, apesar do país ter sido novamente acolhido na Organização de Estados Americanos, a onda repressiva não só não cessou como aumentou, beneficiando do colapso jurídico e dos novos meios colocados à disposição pelos EUA, acusam ainda.

Desde o golpe de Estado, em 2009, os EUA já estabeleceram três novas bases nas Honduras. Desde Junho deste ano e a coberto do Banco Interamericano para o Desenvolvimento e do Banco Mundial, aumentou o financiamento aos programas locais de «combate ao narcotráfico».

 

Ditadura, de facto

 

À calamidade social acresce um estado de impunidade no país. As instalações do Ministério Público na capital, Tegucigalpa, tiveram que ser colocadas sobre forte custódia militar depois de uma magistrada ter sido assassinada nas imediações do edifício central. Até ao momento não foi desvendada qualquer pista dos autores e mandantes do acto.

A justificar a medida está também a multiplicação das ameaças contra funcionários do Ministério Público, sobretudo a partir do momento em que foi divulgado publicamente que o organismo judicial está a investigar denúncias de abusos cometidos pelas autoridades.

A propósito do assassinato da magistrada, o presidente do Comité Nacional dos Direitos Humanos, Andrés Pavón, disse que «[as mortes] são muitas e com características que indicam claramente que a polícia participa na prática destes crimes». Sobre o caso, também se pronunciou a reitora da Universidade Nacional Autónoma, Julieta Castellanos, considerando como calamidade o estado em que se encontra a polícia nacional.

Visão diferente tem o candidato da plataforma política de direita Aliança Pátria às eleições presidenciais de 2013. Para Romeo Vásquez, o futuro das Honduras só pode ser melhor se o actual caminho continuar a ser seguido, expressou em entrevista excusiva à Telesur.

O chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas aquando do golpe militar que derrubou o presidente Manuel Zelaya, já terá mesmo formalizado a sua candidatura com a entrega de milhares de assinaturas junto do Supremo Tribunal Eleitoral.

Vásquez abandonou a chefia das forças armadas após o golpe para liderar a empresa de telecomunicações das Honduras.



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