Afeganistão de mal a pior

Várias ONG alertam que três milhões de afegãos enfrentam a fome. Segundo informou a Reuters, organizações como a Oxfam ou a Save The Children estimam que cerca de 80 por cento das colheitas foram devastadas pelo rigor e extemporaneidade do Inverno, ao que acrescem as baixas reservas alimentares detidas pelas populações.

O tempo urge, advertiram ainda as organizações humanitárias, já que a chegada do Inverno vai deixar muitas áreas inacessíveis.

Em Outubro, as Nações Unidas apelaram à doação sem demora de 142 milhões de dólares para fazer face à calamidade que se advinha em pelo menos 14 das 34 províncias, mas as principais potências capitalistas fizeram orelhas moucas para a situação num território que ocupam e devastam.

A Agência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), estimou, também em Outubro, que pelo menos 30 por cento das crianças afegãs entre os cinco e os 14 anos trabalham para suprir as carências familiares. Somente 5 por cento das crianças vão à escola e cerca de 100 mil morrerão no próximo Inverno devido à desnutrição, falta de abrigo, ou a doenças facilmente tratáveis.

«A situação já era má para a infância afegã antes dos bombardeamentos dos Estados Unidos e Reino Unido há uma década, mas agora é pior», concluiu o representante da estrutura no país, Eric Laroche.

Entretanto, reuniu na semana passada, em Cabul, a Loya Jirga. Enquanto decorria a assembleia de chefes tribais, dois roquetes foram disparados na capital, isto apesar das medidas de segurança extraordinárias para proteger a iniciativa.

Lá dentro, o debate entre os cerca de dois mil participantes também não parece ter sido pacífico. Em conferência de imprensa, o porta-voz da reunião e quadro do Ministério do Interior, Safia Sediqi, foi obrigado a admitir a existência de um forte desconforto para com a falta de informação quanto aos moldes da permanência dos EUA no país.

O presidente fantoche do Afeganistão, Hamid Karzai, ainda procurou concentrar em seu redor a unidade e a confiança dos presentes, falando de uma nação soberana onde os EUA não poderão gerir prisões ou deter afegãos, realizar operações nocturnas e usar o território para ataques a países vizinhos. Mas as palavras de karzai não terão surtido o efeito desejado, e os convidados para a Loya Jirga mantiveram a exigência de conhecer os termos do acordo que estabelece a presença norte-americana no Afeganistão após 2014, e manifestaram-se contra a implantação de bases militares permanentes por parte de Washington.

Os dados mais recentes indicam que, este ano, já morreram 529 soldados ocupantes no Afeganistão. Enquanto reunia a Loya Jirga, agências noticiosas informavam da morte em combate de cinco militares, dois britânicos e três norte-americanos.

A ONU revelou, no final de Setembro, que o número de incidentes violentos no país aumentou 40 por cento face a Agosto, e que nos primeiros seis meses deste ano o número de vítimas civis cresceu 5 por cento.



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