Líbia

Mercenários não se entendem

Membros de cerca de 30 grupos armados que combateram contra o governo líbio marcharam, sexta-feira, na capital, Tripolí, exigindo ser tidos em conta na formação do futuro governo.

Em causa está a partilha dos despojos da guerra imperialista

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Na frente da manifestação estavam os comandantes das milícias, e um deles, Abdullah Naker, ouvido pela Associated Press, garantiu mesmo que os presentes não vão reconhecer o gabinete que se prevê que seja anunciado nos próximos dias, isto apesar dos sucessivos adiamentos.

Abdel Rahim al-Kib, o primeiro-ministro designado há poucas semanas pelo Conselho Nacional de Transição, defende a formação de um governo de tecnocratas, mas quer muitos dos grupos armados que lutaram ao lado da agressão imperialista, quer os chefes das tribos, pretendem um papel mais activo no executivo.

Em causa estarão receios de que um gabinete de homens de negócios não os inclua na distribuição dos despojos da guerra, beneficiando apenas o grande capital internacional que já partilha entre si a exploração das riquezas naturais do país.

O não pagamento dos salários aos rebeldes – que por esse motivo têm vindo a mostrar descontentamento público no centro de Tripolí, indicava uma notícia da Telesur – e a nomeação do responsável máximo pelas forças armadas também é motivo de discórdia e alvo de disputa entre facções rivais fortemente armadas.

 

Armados e vingativos

 

O controlo do armamento que circula é, aliás, um dos motivos de preocupação, não apenas no território, mas em toda a região. Ainda na semana passada, o primeiro-ministro do Níger, Brigi Rafini, veio alertar para o facto do saque dos depósitos de armas e munições ter resultado no recrudescimento do tráfico de material bélico junto às suas fronteiras.

No mesmo sentido, também o eniado das Nações Unidas para a Líbia, Mohammed Shalgam, advertiu para o incremento dos meios militares na posse de milícias na Líbia. De acordo com a Reuters, o representante da ONU acusou mesmo o Qatar de armar e financiar facções islamitas com o objectivo de manipular o curso dos acontecimentos.

O Qatar foi um dos países que participou na agressão imperialista. No seu território fica sedeada a influente estação de televisão Al-Jazeera, cujo papel na deformação da verdade sobre o ataque imperialista à Líbia foi determinante para o desfecho verificado.

A este cenário de instabilidade e incerteza acrescem os relatos de campanhas de terror e operações punitivas extremas em curso na Líbia. Num artigo recente publicado no blog CounterPunch, Franklim Lamb sustenta que nas actividades dos chamados esquadrões da morte participam unidades de elite dos EUA, França e Grã-Bretanha.

Os alvos são todos os que possam de alguma forma ter colaborado com a estrutura de poder derrotada pela ofensiva imperialista, mesmo os mais modestos empregados das chamadas figuras ou partidários do regime.

Instalou-se uma autêntica paranóia entre certos responsáveis do CNT, que, explica Lamb, acreditam que enquanto subsistir na Líbia um apoiante da Revolução Verde e de Muammar Kahdafi, o seu poder está em perigo.



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