Do Kuwait a Marrocos

Povos vencem medo

Acções de massas contra as ditaduras árabes apoiadas pelas nações imperialistas fizeram-se sentir durante toda a semana passada. No Bahrein, os protestos começaram terça-feira frente à esquadra da polícia na vila de Samaheej. O motivo foi a detenção de uma dezena de estudantes no autocarro escolar, e prosseguiram, no dia seguinte, em Sitra, com uma multidão a denunciar a política hipócrita dos sucessivos governos norte-americanos para região, justamente quando forças navais dos EUA e do Bahrein realizavam exercícios militares conjuntos.

Já na sexta-feira, a contestação ao monarca do Bahrein, Salman al-Khalifa, no poder desde 1971, e à presença de tropas da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos no país – chamadas pelo rei em Março para conter a revolta popular – decorreu em A’ali, localidade próxima da capital, Manama.

Na iniciativa, os participantes exigiram também a libertação imediata dos presos políticos e a revogação das pesadas penas aplicadas aos contestatários detidos nos últimos meses, entre as quais quatro condenações à morte e dezenas de outras sentenças de longos anos de cárcere.

Ainda no Bahrein, no sábado, pelo menos uma centena de pessoas acompanhou o funeral de um jovem de 16 anos atropelado por um carro da polícia durante uma manifestação contra a ditadura, reportou a Associated Press.

Na Jordânia, sexta-feira, cerca de duas mil pessoas exigiram nas ruas da capital, Aman, que o novo primeiro-ministro, Aun Jasawneh, cumpra as promessas de acelerar as reformas políticas e lutar contra a corrupção, enquanto que no Kuwait, o emir Nasser Al-Sabah impôs medidas de segurança extraordinárias para conter os protestos.

Sabah deu carta branca às forças repressivas para empregarem todos os meios necessários ao que chamou de defesa da ordem pública, informou a France Press, isto depois de uma multidão ter irrompido pelo parlamento, na quarta-feira.

A invasão do hemiciclo na Cidade do Kuwait ocorreu após uma manifestação contra a ditadura e a corrupção no país, a qual foi fortemente reprimida pelas autoridades.

No Kuwait, o Ministério Público abriu recentemente uma investigação à alegada apropriação de fundos públicos por parte de deputados e membros do governo. O xeque Nasser, 71 anos, designado primeiro-ministro em Fevereiro de 2006, sobreviveu a vários votos de desconfiança no parlamento e, desde então, já dissolveu por três vezes a assembleia a fim de afastar do círculo do poder as vozes discordantes.

Também no início da semana passada, as forças de segurança da Arábia Saudita detiveram duas pessoas na cidade de Qatif acusando-as de participarem em manifestações contra o regime. A cidade está sob controlo militar após as manifestações populares realizadas em Outubro.

Já no sábado, em Awamiyah, os sauditas voltaram a protestar contra a repressão depois de um adolescente ter ficado ferido por uma bala disparada pela polícia, acusam.

A brutalidade da resposta à contestação na Arábia Saudita e a férrea ditadura imposta pela família real aliada dos EUA causa incómodo além fronteiras. Recentemente, um jornalista norte-americano, Sam Husseini, foi suspenso pelo Clube Nacional de Imprensa por ter feito perguntas incómodas ao príncipe Turki al-Faisal al-Sa’ud.

Husseini questionou o membro da família real saudita sobre a legitimidade do seu regime face ao regime sírio, o qual, nos EUA, é alvo de campanhas públicas de desinformação, e na Liga Árabe foi suspenso por iniciativa, entre outras, da petromonarquia saudita.

Finalmente, em Marrocos, o povo continua a apelar ao boicote às eleições do próximo dia 25, acusando o regime de Mohammed VI de enganar o povo quanto às prometidas reformas políticas, e de liderar uma cúpula corrupta que domina a economia do país.



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