Na primeira linha da luta
O desfile de indignação e protesto, que tingiu de vermelho a baixa lisboeta na tarde de anteontem, marcou o arranque de um conjunto de acções do PCP contra o pacto de agressão e por um Portugal com futuro.
O PCP fará a sua parte na mobilização para a luta, que será dura
Anunciada como sendo um desfile, a acção de protesto promovida pelo PCP na terça-feira, entre o Chiado e a Rua Augusta foi, na verdade, uma manifestação. Foram mais de cinco mil as pessoas que responderam ao apelo do Partido e que, de forma combativa, percorreram a baixa da capital, não deixando ninguém indiferente – tanto assim foi que muitos houve que se integraram no cortejo e ouviram, no final, as palavras do Secretário-geral do PCP.
A abrir a marcha seguia Jerónimo de Sousa que, juntamente com outros dirigentes e militantes comunistas, segurava uma faixa onde se podia ler «Lutamos contra o roubo e a exploração». Durante o percurso, para além de críticas à política do Governo e às suas medidas mais violentas, os manifestantes realçaram, nas palavras de ordem entoadas, a necessidade de lutar e a sua disponibilidade para o fazer: «Quanto mais calados mais roubados» e «a luta é a solução contra o pacto de agressão» foram algumas das mais ouvidas.
Do palco colocado a meio da Rua Augusta, a uma hora em que esta fervilhava de movimento, o Secretário-geral do PCP assegurou que ao fazer a sua parte na mobilização popular, os comunistas não pretendem substituir-se às estruturas próprias dos trabalhadores, nomeadamente ao movimento sindical unitário. Pelo contrário, esta acção – como outras que o PCP realizou e realizará – insere-se no amplo movimento de massas que está em curso, de rejeição do pacto de agressão e de exigência de mudança.
Jerónimo de Sousa aproveitou para saudar a CGTP-IN pela luta que está a dinamizar, nas empresas e sectores e nas ruas: as manifestações de dia 1 de Outubro, que mobilizaram 200 mil trabalhadores em Lisboa e no Porto; a semana de luta que hoje se inicia; e a Greve Geral, entretanto marcada para 24 de Novembro (ver texto nesta página). «A luta vai ser dura», alertou o Secretário-geral do PCP, que já antes tinha afirmado que o grande capital e o Governo «têm medo da unidade dessa força imensa que são os trabalhadores». Medo de que estes tomem consciência da sua razão e, sobretudo, da sua força e da força da sua luta.
O caminho desastroso que está a ser seguido não é uma inevitabilidade, reafirmou o dirigente do PCP. Resulta, sim, de opções políticas assumidas em favor dos grandes grupos económicos e financeiros nacionais e internacionais. Está nas mãos dos trabalhadores e do povo, através da sua luta organizada, derrotá-lo e empreender a construção de um novo rumo, assente na valorização dos salários e pensões, na produção nacional, no controlo pelo Estado dos sectores estratégicos da economia e na taxação dos lucros dos grandes grupos económicos.
Na segunda-feira, no Porto e em Braga, os comunistas estiveram nas ruas a esclarecer e a mobilizar. Para amanhã, na Madeira, está marcado um buzinão.