Greve em marcha nos transportes
Representantes dos trabalhadores de várias empresas do sector dos transportes admitiram avançar para a greve, caso o Governo não preveja no próximo Orçamento do Estado e nas orientações para as empresas públicas a satisfação da reivindicação de aumentos salariais justos em 2011.
«A possibilidade de futuras formas de luta esteve hoje em cima da mesa, como uma possível resposta a encetar, caso continuemos com a situação que vivemos este ano, de não haver aumentos salariais, havendo uma redução do rendimento disponível de quem trabalha», disse José Manuel Oliveira, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, à agência Lusa, no final da reunião que teve lugar terça-feira de manhã, por iniciativa da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN).
José Manuel Oliveira deu ainda conta da preocupação dos trabalhadores relativamente à contratação colectiva, a condições de trabalho e à anunciada privatização de importantes empresas do sector. Os representantes sindicais e de comissões de trabalhadores declaram-se «totalmente contra» a entrega a privados, na medida em que «degrada e acaba com um sector que deve garantir a prestação de um serviço público à população».
Uma nova reunião ficou agendada para 19 de Outubro.
Unidade
«Para os trabalhadores conseguirem resistir à actual ofensiva e inverterem a seu favor a acção governativa neste país, é necessário unir esforços, independentemente dos posicionamentos políticos e sindicais de cada um», afirmava-se numa nota divulgada pelo SNTSF/CGTP-IN, quando informou que a Fectrans tinha convidado todas as organizações de trabalhadores do sector para esta reunião. «Dividirmo-nos em lutas isoladas de profissão ou grupo é enfraquecer a luta de todos, já que as medidas de contenção de salários, aumento de impostos e retirada de direitos sociais não escolhem a profissão de cada trabalhador, antes pelo contrário, visam atingir todos», motivo por que o sindicato entendeu que «fazer um esforço de unidade é um dever de todos os trabalhadores e suas organizações».
Lutas
Uma delegação de jovens dirigentes e activistas da Fectrans deslocou-se no dia 23, quinta-feira, ao Ministério do Trabalho, onde foi entregue um documento a reivindicar o fim do trabalho precário, o aumento real dos salários, o respeito pelos limites legais e contratuais dos horários de trabalho, o cumprimento dos direitos de maternidade e paternidade e do direito efectivo à contratação colectiva.
Uma greve na Soflusa teve início na terça-feira de manhã, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores Fluviais, que invocou «perseguição» a dois mestres por excessos de velocidade.