Concentração de polícias impôs progressões

Governo forçado a ceder

Ao se­gundo dia da con­cen­tração ini­ciada, dia 23, di­ante do Mi­nis­tério da Ad­mi­nis­tração In­terna, para exigir o des­con­ge­la­mento de 1500 pro­mo­ções, o Go­verno foi for­çado a ceder.

250 euros men­sais foi o pre­juízo du­rante 14 meses

Este re­sul­tado provou que «é pos­sível, com formas de luta le­gais, con­se­guir re­solver al­gumas si­tu­a­ções rei­vin­di­ca­tivas», con­si­derou o pre­si­dente da As­so­ci­ação Sin­dical dos Pro­fis­si­o­nais de Po­lícia, Paulo Ro­dri­gues, de­pois de ter anun­ciado o re­sul­tado desta luta aos cerca de 150 pro­fis­si­o­nais da Po­lícia que par­ti­ci­pavam na con­cen­tração, no Ter­reiro do Paço.

Con­vo­cada pela ASPP/​PSP e por mais seis sin­di­catos, a con­cen­tração, anun­ciada por tempo in­de­ter­mi­nado, durou até o Go­verno de­cidir o des­blo­que­a­mento de verbas re­fe­rentes às pro­mo­ções de mais de 1500 po­lí­cias, 800 deles, agentes, apro­vadas desde Maio de 2009, e até a Di­recção Na­ci­onal da PSP dar ga­ran­tias de con­cre­ti­zação das su­bidas de ca­te­goria.

Do atraso nestas pro­mo­ções re­sultou um pre­juízo mensal médio de cerca de 250 euros para cada pro­fis­si­onal, sendo o sa­lário-base dos agentes da ordem dos 900 euros.

Para con­cor­rerem à pro­moção, os po­lí­cias ti­veram de cum­prir re­qui­sitos, como terem um mí­nimo de sete anos de ser­viço, ava­li­ação cur­ri­cular, ex­pe­ri­ência pro­fis­si­onal e ha­bi­li­ta­ções li­te­rá­rias. Além de agentes havia também chefes e ofi­ciais com as pro­mo­ções con­ge­ladas há 14 meses.

Ga­ran­tindo que não ar­re­da­riam pé da porta do Mi­nis­tério da Ad­mi­nis­tração In­terna até que as suas rei­vin­di­ca­ções não fossem aten­didas, os pro­fis­si­o­nais de po­lícia for­çaram o Go­verno, através da Di­recção Na­ci­onal da PSP, a anun­ciar que, na se­gunda-feira, seria emi­tido um des­pacho que con­fir­maria o pa­ga­mento das pro­mo­ções e a co­lo­cação dos pro­fis­si­o­nais nas po­si­ções re­mu­ne­ra­tó­rias a que têm di­reito.

No pri­meiro dia da con­cen­tração, os re­pre­sen­tantes dos po­lí­cias saíram de mão va­zias de uma pri­meira reu­nião no Mi­nis­tério. Os re­pre­sen­tantes do Go­verno PS não ti­nham adi­an­tado quais­quer ga­ran­tias sobre o des­blo­que­a­mento das pro­mo­ções, nem apre­sen­taram qual­quer data para esse pro­pó­sito, re­feriu Paulo Ro­dri­gues à saída dessa reu­nião com o chefe de ga­bi­nete do mi­nistro Rui Pe­reira.

Lem­brando que os 22 mil po­lí­cias no ac­tivo vivem ac­tu­al­mente muitos mais pro­blemas de igual ou maior gra­vi­dade, o re­pre­sen­tante da ASPP/​PSP con­si­derou que esta ma­téria era a de maior pri­o­ri­dade, por poder vir a com­pro­meter o fun­ci­o­na­mento da ins­ti­tuição.

A falta de con­di­ções dignas re­mu­ne­ra­tó­rias e de tra­balho é um pro­blema de se­me­lhante gra­vi­dade que a ASPP/​PSP também pre­tende ver re­sol­vido com ur­gência.

 

So­li­da­ri­e­dade sempre

 

No pri­meiro dia desta luta e em so­li­da­ri­e­dade com estes pro­fis­si­o­nais, o Grupo Par­la­mentar do PCP fez-se re­pre­sentar, na acção pelo de­pu­tado An­tónio Fi­lipe que, des­men­tindo de­cla­ra­ções do Mi­nis­tério se­gundo as quais o pro­blema es­taria des­blo­queado, afirmou à Lusa que «se a si­tu­ação está des­blo­queada, as pro­mo­ções têm de se efec­tivar», lem­brando como tem vindo a de­gradar-se a si­tu­ação sócio-pro­fis­si­onal dos po­lí­cias.

Apoi­ando a acção es­ti­veram também re­pre­sen­tantes da As­so­ci­ação Na­ci­onal de Sar­gentos (ANS) e da As­so­ci­ação dos Pro­fis­si­o­nais da Guarda (APG/​GNR).

Num co­mu­ni­cado, a As­so­ci­ação Na­ci­onal de Sar­gentos re­cordou ter mar­cada, para hoje, uma con­cen­tração, a partir das 18.30 horas, di­ante do Mi­nis­tério da De­fesa, em Lisboa, onde ocor­rerá a acção «Ope­ração marcar passo no posto, não!», que também pre­tende rei­vin­dicar o di­reito da­queles mi­li­tares à pro­gressão nas car­reiras. Esta «jor­nada na­ci­onal de re­flexão contra a de­gra­dação da saúde mi­litar e pela de­fesa da con­dição mi­litar» conta também com a par­ti­ci­pação da Co­missão de Mi­li­tares, da As­so­ci­ação de Praças, da As­so­ci­ação Na­ci­onal de Mi­li­ta­ri­zados da Ma­rinha e da As­so­ci­ação Sócio-Pro­fis­si­onal da Po­lícia Ma­rí­tima.


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