Cimentar a unidade, mobilizar para a luta
Um pouco por todo o País, os comunistas intervêm no dia-a-dia das empresas e sectores, cuidando da unidade dos trabalhadores e mobilizando-os para a luta em defesa dos seus direitos.
É fundamental a presença constante do Partido nas empresas
Num comunicado dirigido aos trabalhadores das grandes superfícies comerciais, o PCP entende serem muitas as razões para lutar. Dos horários alterados na véspera e mesmo no próprio dia (que atinge com particular intensidade os trabalhadores contratados a prazo) às folgas que não são cumpridas, os comunistas lembram que «não há creches nem escolas abertas ao domingo», havendo hoje crianças a fazer o horário dos pais dentro do local de trabalho. «Não queremos trabalhar ao domingo», afirmam os trabalhadores comunistas do sector.
A vida dos trabalhadores das grandes superfícies comerciais encontra-se «desestabilizada pelos baixos salários e o desrespeito dos horários. Não queremos piorá-la ainda mais com o trabalho obrigatório aos domingos e aos feriados». Mas nem todos têm razões de queixa, pois «em contraste com os baixos salários há uma subida permanente dos lucros e projectos de abrir novas superfícies comerciais».
Já os trabalhadores comunistas do Arsenal do Alfeite estão a distribuir, na empresa, um comunicado onde realçam a passagem de um ano sobre a passagem da empresa a Sociedade Anónima. Para a célula do Partido, a situação é grave: «um estaleiro sem trabalho; no mercado onde era suposto o Arsenal concorrer já nem os navios da Armada lá estão; as parcerias tecnológicas são feitas com os barcos da Transtejo; os investimentos foram feitos em novos equipamentos informáticos e viaturas modernas para a administração.» Ao mesmo tempo, lembra, muitos operários qualificados ali formados saíram da empresa. No comunicado, a célula comunista reafirma a sua posição de sempre – a defesa de um Arsenal do Alfeite público, ao serviço do País, da Marinha e dos trabalhadores.
A célula do Partido na EDP e na REN também está a distribuir um comunicado aos trabalhadores de ambas as empresas do sector energético. No texto principal, os comunistas acusam o Governo de pretender privatizar o que resta da EDP para servir os interesses dos grupos económicos: «a operação de privatização da EDP nem sequer é ditada pelas leis do mercado, mas sim por opção política do actual governo com apoio do PSD e do CDS, ao serviço do capital dominante.»
Nesta edição do boletim, os comunistas recuperam o que já haviam dito numa edição anterior acerca das consequências da privatização: «redução do investimento operacional na rede; o domínio da EDP pelo capital transnacional; a maximização dos lucros em prejuízo do serviço às populações, a destruição do corpo técnico da EDP.»
No comunicado, a célula do Partido dirige-se ainda àqueles que trabalham na empresa através de empreiteiros. O PCP defende a sua integração nos quadros da empresa.
Sintra Laboral
Na edição de Setembro do Sintra Laboral, boletim do Sector de Empresas de Sintra do PCP, realça-se a luta travada na Portucel Embalagem, onde os trabalhadores reagiram à falta de diálogo por parte da administração com três dias de greve – com uma significativa adesão de 85 por cento. Os comunistas salientam que a luta «persistente e firme» dos trabalhadores forçou a administração a recuar na pretensão de realizar alterações ao Acordo de Empresa.
Também na HPEM a administração foi forçada a recuar na sua intenção de não reintegrar os trabalhadores cujos contratos não haviam sido renovados. Esta decisão unilateral, que contou sempre com o «apoio e consentimento» da Câmara Municipal de Sintra (a HPEM é uma empresa municipal), teve o «combate imediato e firme dos trabalhadores da empresa, em solidariedade com os seus colegas». Durante sete dias, estes aderiram massivamente à greve de duas horas a cada turno convocada pelo sindicato.
Liberalização é negativa
Ainda o decreto-lei que determina a liberalização dos horários de funcionamento das grandes superfícies comerciais não foi promulgado pelo Presidente da República e já há autarquias a aceitar a medida. Na Maia, o executivo de maioria PSD decidiu-se já pela liberalização.
Em comunicado do dia 15 de Setembro, o PCP «lamenta a incapacidade do executivo camarário em se impor perante as exigências dos grandes grupos comerciais do comércio a retalho, ignorando as necessidades do comércio local, cada vez mais entregue a si mesmo». Em causa fica também o descanso semanal dos trabalhadores.
Para os comunistas, o argumento do presidente da Câmara – de que a medida contribuirá para criar postos de trabalho – não colhe, já que os «factos demonstram que a preponderância das grandes superfícies comerciais está directamente associada ao encerramento do comércio tradicional e do pequeno comércio, gerando desemprego e eliminando postos de trabalho». Além disso, potencia-se a «erosão do trabalho com direitos, ganhando primazia o trabalho precário e a instabilidade dos horários».